ESG

Quem é o professor brasileiro que disputa o ‘Nobel da Educação’

Greiton Toledo, de 31 anos, desenvolveu um projeto em que estudantes criam jogos e atividades de maneira sustentável para o tratamento do mal de Parkinson

 (Germano Lüders/Exame)

(Germano Lüders/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 12 de outubro de 2021 às 19h30.

Última atualização em 15 de outubro de 2021 às 10h37.

Greiton Toledo, de 31 anos, desenvolveu um projeto em que estudantes criam jogos e atividades de maneira sustentável para o tratamento do mal de Parkinson

 

Foi por meio da matemática que Greiton Toledo, de 31 anos, desenvolveu um projeto em que estudantes criam jogos e atividades de maneira sustentável para o tratamento do mal de Parkinson. Batizada de Mattics, a iniciativa surgida em 2015 acaba de colocar o professor e pesquisador do Instituto Federal Goiano, em Ipameri, no interior do Estado, na lista dos 50 finalistas do Global Teacher Prize, conhecido como o "Nobel da Educação".

Concedida pela Varkey Foundation, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a honraria tem premiação de US$ 1 milhão e vai apresentar o vencedor desta edição em novembro. Estar entre os 50 finalistas é um feito e tanto - mais de 8 mil profissionais de 121 países se inscreveram no prêmio.

Quer aprender mais sobre ESG? Conheça o novo curso da Exame Academy Greiton, que leciona em escolas públicas há 11 anos, conta que o projeto nasceu longe de Ipameri, em uma turma de ensino fundamental 2 da Emef Irmã Catarina, em Senador Canedo, município perto da capital, Goiânia. Depois, se expandiu. No Instituto Federal Goiano, o professor ampliou o trabalho, com a pretensão de difundi-lo para mais escolas públicas. "Tenho orgulho de ser professor da educação básica, porque é nela que estão 80% da futura geração que vai afetar diferentes setores das cidades, dos Estados e dos países", afirma. Ele decidiu seguir carreira na área quando tinha 13 anos.

Por meio do projeto Mattics, os alunos criam jogos digitais e desenvolvem dispositivos eletrônicos de baixo custo usando matemática, programação e robótica para tratar os sintomas da doença de Parkinson. A iniciativa busca ajudar os estudantes a aprender e a usar a matemática de uma forma que lhes permita ver e interpretar situações reais, tomar decisões e lidar com eventos imprevistos.

Para Greiton, o aluno passa a assumir o papel de pesquisador e inventor, em vez de apenas receber informações prontas para serem reproduzidas. "No lugar da fórmula definição-exemplo-exercícios-respostas, valorizamos a compreensão, a invenção e os resultados da matemática", explica o professor. "Conteúdos, exemplos e exercícios são divididos dentro deste conceito, dando lugar à investigação e à curiosidade com base na experimentação do aluno. Utilizamos softwares de matemática e programação."

Na prática

Participante do projeto desde 2019, Eduardo Brandão começou a trabalhar com os jogos e conta como a técnica é importante para o auxílio na saúde dos idosos. "Com tudo que a gente aprende no projeto, que envolve matemática e invenções criativas, e materiais de custo baixo, criamos jogos que não são somente para diversão", conta o aluno. "Podemos utilizá-los para benefício de outras pessoas. Levamos os jogos para hospitais e ajudamos no tratamento do Parkinson."

Desde o início, o projeto já atendeu mais de 3 mil estudantes. Hoje, cerca de 300 alunos trabalham com o Mattics e levam os jogos desenvolvidos em sala de aula para hospitais, onde idosos com Parkinson podem fazer atividades mentais e físicas, como fisioterapia, acompanhados por profissionais da área da saúde.

Mais destaque

Sobre estar entre os 50 finalistas do Global Teacher Prize, Greiton reconhece que se trata de uma grande realização. "É uma satisfação fazer parte desse prêmio. É um turbilhão de sentimentos que não consigo mensurar", conta o professor, emocionado. "Conseguimos colocar em destaque a educação pública brasileira do interior de Goiás."

Com o reconhecimento, ele acredita que o trabalho pode ganhar evidência e, com isso, ser ampliado no futuro. "Para que a gente possa pensar uma sala de aula que não obrigue os alunos a reproduzir coisas que não têm sentido, mas que tenha significado para a matemática."

Aos longo dos anos, Greiton já participou de vários programas de tecnologia e se tornou escritor de livros paradidáticos, com artigos científicos em periódicos especializados nacionais. Além disso, acumula diversos prêmios concedidos no Brasil, como o Educador Nota 10 de 2016. Ele também foi selecionado para o Desafio Aprendizagem Criativa de 2017. 

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