Turbina de energia eólica em constraste com termelétrica a carvão na Alemanha (Getty Images/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 19 de dezembro de 2021 às 15h05.
Última atualização em 23 de dezembro de 2021 às 15h46.
O mercado mundial deve gerar mais eletricidade a partir do carvão este ano do que nunca, um sinal dos desafios da transição energética no combate à mudança climática.
A geração de energia com o combustível, considerado o mais poluente, tende a subir 9% em relação ao ano passado, de acordo com relatório da Agência Internacional de Energia divulgado na sexta-feira. Essa reversão em relação à queda vista nos dois anos anteriores ameaça a trajetória mundial de zerar emissões líquidas até 2050, disse a agência.
EUA e União Europeia registram os maiores aumentos no uso de carvão, cerca de 20% cada, seguidos pela Índia, com 12%, e China - o maior consumidor mundial - com 9%, estimou a AIE. A demanda por carvão tem sido impulsionada pela recuperação econômica dos efeitos da pandemia de Covid-19, que não consegue ser atendida no mesmo ritmo por fontes de energia de baixo carbono.
“O carvão é a maior fonte de emissões globais de carbono, e o nível historicamente alto de geração de energia a carvão deste ano é um sinal preocupante de quão longe o mundo está em seus esforços para reduzir as emissões para zero”, disse o diretor executivo da AIE, Fatih Birol.
Os preços recordes do gás natural aumentaram a dependência de outras fontes como o carvão e ampliaram as demandas por investimentos mais rápidos em energias renováveis. Os preços da energia na Europa mais do que triplicaram nos últimos seis meses e ficou mais rentável queimar carvão do que gás. Ainda assim, concessionárias de energia disputam a commodity, mesmo com o aumento da produção da China e dos EUA.
Agora, as emissões de dióxido de carbono provenientes do carvão em 2024 devem somar pelo menos 3 bilhões de toneladas a mais do que em um cenário de zero líquido em 2050, disse o relatório.
A AIE espera que o pico do carvão ocorra no próximo ano, de 8,11 bilhões de toneladas, com os maiores aumentos da produção da China, Rússia e Paquistão.