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Pesquisa da Nox4Think relacionou o aumento dos pedidos de delivery a uma maior preocupação ambiental da população com as origens e manuseio de alimentos e embalagens (Carol Yepes/Getty Images)
A nova onda de preocupação ambiental e consumo responsável é liderada por jovens e por uma nova geração de consumidores que consideram o impacto frente às suas decisões de compra, certo? Errado. Ao menos de acordo com uma pesquisa elaborada pela Nox4Think, empresa de pesquisas e inteligência de mercado, em parceria com a Offerwise, empresa de pesquisas de mercado com foco na América Latina.
Realizada no período de 5 e 12 de novembro de 2020, a análise buscou compreender o impacto do aumento do consumo doméstico na pandemia e do delivery de alimentos no período. Foram 835 participantes com idades de 18 a 55 anos de idade das regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Norte do país. Destes, 83,5% afirmaram realizar pedidos no modelo de delivery.
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A pesquisa mostrou que os adultos acima de 55 anos são os mais dispostos e aptos a adotarem novos comportamentos sustentáveis. Quando comparado aos demais grupos, os participantes dessa faixa etária se mostraram mais predispostos a reforçarem hábitos como o de reaproveitarem alimentos, receberem instruções sobre reúso de embalagens e a fazerem reciclagem delas.
Grande parte dos respondentes acima de 55 anos (68%) também apoiam a ideia de receberem descontos pela devolução de embalagens retornáveis, frente a 60% dos jovens entre 18 e 24 anos, por exemplo.
Outro exemplo de comportamento sustentável está ligado à preferência por estabelecimentos com práticas sustentáveis na hora de fazer um pedido para entrega: 47% dos adultos acima de 55 anos estão aptos a adotarem a prática, 6% a mais do que os mais jovens.
A pesquisa também evidencia que a preferência do público pela compra de alimentos próximos ao vencimento ainda é incipiente. Apenas um terço dos respondentes afirmou aceitar comprar um produto perto da data de validade em troca de descontos. Apenas 27% dos jovens concordaram com tal situação, e 35% dos maiores de 55 anos.
No entanto, o destaque não significa que de fato serão os mais maduros a assumir à frente de mudanças mais amplas do mercado consumidor, afirma Eduardo Sincofsky, diretor da Nox4Think. “Apesar de estarem mais interessados em se tornarem mais sustentáveis e terem atitudes mais adequadas, não quer dizer que os mais velhos estejam necessariamente praticando essas ações. A liderança na ação ainda é dos jovens”, diz.
O estudo também subdividiu os participantes em três tipos de consumidores: líderes da circularidade (30%), que correspondem aos mais interessados em se manterem informados, reciclar e reutilizar alimentos; os ateus (22%), grupo formado pelo público que está desinteressado em sustentabilidade e não quer aprender sobre o tema e os engajadores verdes (48%), composto por aqueles que apoiam mais fortemente o discurso e a prática sustentável.
Os mais jovens correspondem a 37% dos líderes da circularidade, enquanto os adultos acima de 55 anos predominam o grupo de engajadores verdes.
Entre os principais problemas apontados pela pesquisa está o descarte das embalagens de alimentos. Hoje, 31% da população ainda descartam esses itens no lixo comum, enquanto 38% não fazem qualquer tipo de separação de materiais.
O número também abre uma importante lacuna para o setor, que pode tirar proveito da expansão do segmento para oferecer novos modelos de embalagem, à medida em que consumidores se mostram mais preocupados em encontrar alternativas com menor impacto ao meio ambiente.
Além disso, restaurantes e aplicativos podem oferecer descontos para quem reutilizar e reciclar embalagens. Para isso, podem contar com a interação com cooperativas, por exemplo. “Restaurantes e aplicativos podem desenvolver embalagens, além de serem responsáveis pela conscientização da população e o incentivo a práticas de reciclagem”, diz Sincofsky.
Para Sincofsky, engajar os jovens que, apesar de serem a categoria mais notável, ainda não abraçam totalmente todas as práticas sustentáveis, é o principal um desafio: “Temos que tocá-los e fazê-los entender que suas ações também impactam o coletivo, e assim entendam que toda ação é importante“, diz.