Apoio:
Parceiro institucional:
Prates: Brasil pode ser referência na transição energética (Petrobras/Divulgação)
Jornalista
Publicado em 4 de dezembro de 2023 às 14h52.
Última atualização em 4 de dezembro de 2023 às 16h02.
Durante participação do painel “Principais resultados e ações em curso para descarbonização do setor de O&G no Brasil e contribuições para o setor de transportes”, no Pavilhão Brasil na COP28, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, falou sobre como a companhia brasileira tem conduzido a transição energética.
“Eis-me aqui também presidente de uma empresa de petróleo, mas eu queria cunhar uma nova expressão que eu tenho usado e que eu acho que cabe muito, pelo menos para nós, as 50 empresas que estão se comprometendo amanhã (terça-feira, 5), em um painel, com a descarbonização progressiva, efetiva, que é ‘empresas de petróleo em transição’”, diz.
Prates salienta que a transição energética para as empresas de petróleo é um grande desafio, já que “não basta trocar o motor a diesel por um painel solar, ou trocar sua fonte de energia para fabricar o que quer que seja”.
O presidente da Petrobras admite a urgência que bate às portas da petroleiras. Ele explica que “as empresas de petróleo vivem do petróleo e do gás, então, significa que para elas a transição energética é uma metamorfose. É uma transformação completa que uns, mais do que outros, têm de reconhecer imediatamente que tem de acontecer logo.”
No entanto, aponta Prates, a transformação não deve acontecer apenas do lado da demanda, de forma isolada.” Temos consciência de que temos de estabelecer um limite, um pico de produção”, admite, lembrando que há outras questões que contribuem no processo, como a demanda, a programação do calendário de leilões de exploração e produção, que são os Estados que fazem, não as empresas estatais e muito menos as privadas.
Para Prates, em vez de o Brasil ser colocado em um papel de “dilema” ao ter uma das matrizes energéticas mais limpas das grandes economias do mundo e, ao mesmo tempo, ser um grande produtor de petróleo, essa condição deve servir de “referência” para mostrar que com o dinheiro dessa atividade a transição energética pode ser acelerada.
No último sábado, 2, 50 das maiores petroleiras do mundo – entre elas a Petrobras, como ExxonMobil, dos Estados Unidos, e Aramco, da Arábia Saudita - anunciaram a adesão a um pacto para a redução das emissões de suas operações.
As signatárias são responsáveis por 40% da produção mundial, segundo comunicado oficial da COP28. Dessas companhias, mais da metade são estatais. A Carta de Descarbonização do Petróleo e do Gás prevê "operações neutras em termos de carbono" até 2050, a acabar com a queima de gás até 2030 e a reduzir as emissões de metano para quase zero.
A Petrobras e o governo do Rio de Janeiro assinaram no último domingo, 3, durante agenda na COP28, em Dubai, o primeiro acordo no Brasil sobre a captura e o armazenamento de CO2.
O protocolo de intenções prevê a avaliação conjunta da implementação de um projeto-piloto de hub em torno do serviço de captura e armazenamento de CO2 com a tecnologia CCUS (Carbon Capture, Utilization and Storage) no Rio de Janeiro. O objetivo é, em vez de liberar o CO2 na atmosfera, fazer a captura e o armazenamento e até chegar à etapa de transformação em produto ou serviço.
As Secretarias de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (SEAS), de Energia e Economia do Mar (SEENEMAR) e o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) são as instituições estaduais estão envolvidas no acordo que também prevê a análise de soluções de descarbonização combinadas ao CCUS. Por exemplo, o hidrogênio de baixo carbono.
Segundo nota do governo, os trabalhos acontecerão ao longo dos próximos dois anos. Segundo o vice-governador e secretário do Ambiente, Thiago Pampolha, o CCUS é um facilitador na produção de hidrogênio de baixo carbono e baixo custo, podendo apoiar a descarbonização de diferentes setores, como energia e indústria. A estrutura industrial que compõe o Rio de Janeiro, afirma, contribui para o sucesso de implementação da tecnologia.
“Nosso estado dispõe de polos industriais relevantes para o desenvolvimento de atividades relacionadas à tecnologia CCUS, também temos faixas de dutos e um aquífero no nosso litoral e tudo isso viabiliza a implantação de um hub de CCUS no estado do Rio de Janeiro”, afirma Pampolha.
O hub fluminense tem um potencial de captura de 20 milhões de toneladas de CO2 por ano, equivalente a mais de 30% das emissões totais que o estado do Rio de Janeiro demanda atualmente.
Atualmente há 31 projetos de CCUS em operação em nível global e 164 em desenvolvimento. A maioria é nos Estados Unidos e na Europa.