Mulheres na força de trabalho: igualdade de gênero ainda está longe de ser uma realidade global, diz WEF (Klaus Vedfelt/Getty Images)
Pelo 12º ano consecutivo, a Islândia foi eleita como país com maior igualdade de gênero no mundo, seguida pela Finlândia, Noruega, Nova Zelândia e Suécia. Apesar de assumirem a liderança global no tema, os países nórdicos não refletem uma realidade global, e a igualdade de gênero ainda está longe de ser uma verdade universal, segundo Relatório Global de Gênero do Fórum Econômico Mundial.
O relatório compara a evolução das lacunas de gênero em quatro áreas: participação econômica, educação, saúde e empoderamento político. A análise mostra que, apesar do progresso na educação e saúde, as mulheres enfrentam obstáculos econômicos e têm reduzida participação política e no mundo do trabalho. No ranking entre as nações com maior igualdade de gênero, o Brasil ocupa a 93ª posição, recuando uma posição em relação ao relatório de 2020 (veja ranking abaixo).
Com a pandemia, que repercutiu em uma automação acelerada e crescente jornada dupla de trabalho para mulheres, as oportunidades econômicas serão ainda mais escassas no longo prazo, e os efeitos econômicos do período resultarão em menores perspectivas de emprego e renda, segundo o relatório. A lacuna de gênero aumentou em uma geração de 99,5 anos para 135,6 anos, enquanto a diferença econômica de gênero deve levar mais 267,6 anos para ser solucionada.
O lento progresso, diz o estudo, é consequência da desproporcionalidade entre a quantidade de mulheres qualificadas profissionalmente e a mínima ocupação feminina em cargos de gerência.
A disparidade de gênero na política é também apontada como uma das principais causas para a curva ascendente da disparidade em vários países com grande população. Apesar de mais da metade dos 156 países indexados terem registrado uma melhoria, as mulheres ainda detêm apenas 26,1% dos assentos parlamentares e 22,6% das posições ministeriais em todo o mundo. A lacuna na política deve levar 145,5 anos para fechar, um acréscimo de 50 anos frente ao cenário previsto no último relatório do FEM.
Embora essas descobertas sejam preocupantes, as lacunas de gênero na educação e saúde estão quase fechadas. Na educação, 37 entre os 156 países analisados já alcançaram a paridade de gênero. Na saúde, mais de 95% dos países eliminaram a diferença.
Para moldar uma recuperação econômica baseada na igualdade de gênero, o relatório sugere que países ampliem investimentos no setor de cuidados e acesso equitativo à licença de saúde para homens e mulheres, criem políticas eficazes de desenvolvimento de habilidades profissionais para mulheres e desenvolvam práticas gerenciais que incorporem práticas de contratação e promoção igualitárias e imparciais.
Os 10 países com maior igualdade de gênero
1º - Islândia
2º - Finlândia
3º - Noruega
4º - Nova Zelândia
5º - Suécia
6º - Namíbia
7º - Ruanda
8º - Lituânia
9º - Irlanda
10º - Suíça
93º - Brasil
O relatório analisou a presença femininas em setores de rápido crescimento considerados como os "empregos do amanhã". Os dados mostram que a lacuna de gênero para áreas historicamente masculinas ainda é grande. No setor de computação em nuvem, por exemplo, as mulheres representam apenas 14% da força de trabalho, enquanto a presença feminina em setores como engenharia de dados e inteligência artificial corresponde a apenas 20% e 32%, respectivamente.
"A pandemia impactou fundamentalmente a igualdade de gênero no local de trabalho e na casa, retrocedendo anos de progresso. Se queremos uma economia futura dinâmica, é vital que as mulheres sejam representadas nos empregos de amanhã. Agora, mais do que nunca, é fundamental focar a atenção da liderança, comprometendo-se com metas firmes e mobilização de recursos. Este é o momento para incorporar a paridade de gênero ao projeto na recuperação", disse Saadia Zahidi, diretora-geral do Fórum Econômico Mundial, no relatório de 2021.