Ocyan quer ser excelente para populações socialmente minorizadas, diz VP
Em entrevista à EXAME, Nir Lander, vice-presidente de pessoas e gestão da Ocyan, detalha metas de diversidade e ações iniciadas em 2019 para inclusão de mulheres, negros, LGBTI+ e pessoas com deficiência
Marina Filippe
Publicado em 24 de novembro de 2022 às 07h01.
A empresa de óleo e gás Ocyan percebeu a diversidade e a inclusão como valores estratégicos para os negócios. Em um setor tradicionalmente masculinizado, onde a maior parte dos 4.000 funcionários trabalham embarcados, a mudança começou com a definição de um grupo de afinidade para a equidade de gênero, seguido por grupos de equidade racial, inclusão de LGBTI+ e pessoas com deficiência.
Para isto, em 2019 foi definido um comitê de diversidade, com seis representantes das unidades de negócio. Já no ano seguinte, um comitê executivo foi inserido, com a definição de sete vice-presidentes mais ativos nas pautas. "Cada um dos grupos de afinidade têm vice-presidentes como mentores. Isto aproxima o tema da liderança, auxilia na conquista de melhor orçamento e mais", diz Nir Lander, vice-presidente de pessoas e gestão.
Além do envolvimento dos líderes, foi percebida a necessidade de treinamentos de letramento e engajamento para o tema com todos os funcionários, além de metas específicas. "Em 2020 foram estabelecidos compromissos como alcançar e manter 50% de mulheres na liderança a partir do nível de coordenação; ser reconhecida pelas populações socialmente minorizadas como uma excelente empresa para se trabalhar; e garantir que as oportunidades de carreira sejam iguais para todos", afirma Lander.
Sendo gênero o primeiro tema trabalhado, é este também o mais avançado na Ocyan. "Há programas de mentoria de mulheres para mulheres, de homens para mulheres, e também delas com startups parceiras. Há ainda rodas de conversa para a quebra de vieses inconscientes, como supor que elas não querem estar embarcadas".
Na frente de equidade racial, a companhia mapeou a presença de pretos e pardos e buscou entender quais cargos são ocupados pela população. Assim, foi feito um trabalho ativo de promoção de pessoas negras na liderança, além do lançamento de estágio com busca por pessoas de regiões periféricas. Na última edição, das 20 vagas lançadas, 92% foram destinadas a pessoas de grupos socialmente minorizados.
Na frente de pessoas com deficiência, Lander admite que os desafios são maiores. "Esbarramos em regras de segurança que precisamos superar para avançar na contratação de pessoas com deficiência em áreas estratégicas para além do administrativo. Para isto, temos o suporte de uma consultoria". A cota legal, por exemplo, ainda não é atendida. Por fim, para pessoas LGBTI+ o trabalho é focado em pertencimento. "Trabalhamos com segurança psicológica e tolerância zero para discriminação", diz Lander.
A Ocyan tem hoje cerca de 28% de líderes que se autodeclaram pretos ou pardos. Em 2020, eram 23% e, em 2021, 25%. Já a presença de mulheres era de 19% em 2019 e hoje é de 34%, inclusive tendo Cristina Pinho como a primeira mulher negra em um Conselho de Administração no setor, segundo a companhia, que prevê duas novas vice-presidentes mulheres nos próximos anos.