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Bernard Arnault em Roland Garros (ao centro, de terno azul): aos 73 anos, o CEO da LVMH é dono de uma fortuna superior a 230 bilhões de dólares (Stephane Cardinale - Corbis /Getty Images)
Editor ESG
Publicado em 23 de junho de 2024 às 20h01.
Uma pesquisa com 22.000 cidadãos das maiores economias do mundo, países que compõem o G20, revela um apoio esmagador às reformas tributárias e às reformas políticas e econômicas mais amplas. Mais de dois terços dos entrevistados apoiam um imposto sobre a riqueza, com apenas 11% contra. Ao mesmo tempo, 70% apoiam impostos mais altos sobre a renda dos mais ricos e 69% são a favor do aumento do imposto sobre as empresas, de acordo com a pesquisa realizada pela Ipsos, encomendada pela ONG ambiental Earth4All e pela Global Commons Alliance, rede de organizações de defesa do meio ambiente.
O apoio a um imposto sobre a riqueza é mais alto na Indonésia, Turquia, Reino Unido e Índia; e mais baixo na Arábia Saudita, Argentina e Dinamarca. Porém, mesmo nesses países, mais da metade das populações pesquisadas é favorável à tributação. Nos Estados Unidos, na França e na Alemanha, cerca de dois em cada três cidadãos apoiam um imposto sobre a riqueza. Mesmo políticas menos populares, como a renda básica universal e o investimento em assembleias de cidadãos para fortalecer a democracia, atraem o apoio de cerca de metade dos entrevistados.
Os resultados também mostram que 71% dos cidadãos do G20 acreditam que o mundo tem uma década para agir para proteger o planeta. Essa crença aumenta para 91% entre os mexicanos, 86% entre os quenianos, 83% entre os sul-africanos e 81% entre os brasileiros; e cai para pouco mais da metada da população na Arábia Saudita, no Japão, nos Estados Unidos e na Itália.
A pesquisa destacou um amplo apoio ao uso de receitas adicionais de impostos para financiar políticas que protejam a natureza, reduzam a desigualdade e promovam a vida saudável. Áreas-chave com forte apoio incluem iniciativas de energia verde, saúde universal e fortalecimento dos direitos dos trabalhadores.
Entre os países do G20, há uma demanda notável por reforma dos sistemas políticos e econômicos nacionais e globais. Para 65% dos entrevistados, seu sistema político nacional precisa de grandes mudanças. Um número similar sente o mesmo em relação ao seu sistema econômico.
A pesquisa também perguntou se as pessoas são otimistas em relação ao seu futuro. Em média, 62% dos cidadãos do G20 dizem que sim. No entanto, apenas 44% se sentem positivos em relação ao futuro de seu país, enquanto 38% são otimistas em relação ao futuro do mundo. Pessoas em economias emergentes, como Índia e México, são as mais otimistas, enquanto cidadãos europeus, por exemplo, na França, Suécia e Reino Unido, são significativamente menos esperançosos.
Os dados foram divulgados quando as maiores economias se preparam para a próxima reunião do bloco, prevista para acontecer em novembro, na Arábia Saudita. O tema da taxação de grandes fortunas será discutido. No início de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em visita ao Vaticano, levou ao Papa Francisco a proposta de criar um imposto global sobre grandes fortunas. A ideia havia sido apresentada pelo governo brasileiro em fevereiro deste ano.
Haddad busca apoio para a proposta, que prevê uma cobrança de 2% sobre patrimônio de cerca de 3.000 bilionários. Pelas estimativas da equipe da Fazenda, o imposto geraria uma receita de 250 bilhões de dólares. Em visita ao Brasil, no entanto, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, declarou que o governo americano é contrário à ideia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também defende publicamente a taxação. No início do ano, o Brasil assumiu a presidência rotativa do G20, que se encerra no final do ano.