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Negócios sustentáveis já são prioridade no mercado, diz presidente da J&J

Katie Decker, presidente global da divisão de Saúde Essencial e Sustentabilidade da Johnson, explica investimento de US$ 800 milhões para reduzir impacto de embalagens de plásticos

Katier Decker, presidente global da divisão de Saúde Essencial e Sustentabilidade da Johnson & amp;Johnson (Johnson&Johnson/Divulgação)
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Marcelo Sakate

Publicado em 15 de fevereiro de 2021 às 07h45.

Última atualização em 15 de fevereiro de 2021 às 10h01.

A preocupação com a sustentabilidade dos negócios não é mais um interesse segmentado no mercado. Já se transformou em prioridade para toda a indústria. E a urgência em tornar os negócios mais sustentáveis só aumentou com a pandemia e as perspectivas de retomada ambientalmente amigável. É o que diz Katie Decker, presidente global para Saúde Essencial e Sustentabilidade daJohnson & Johnson, em entrevista para a EXAME Invest .

"Nós estamos vendo que a sustentabilidade é algo em que os investidores estão muito interessados. Começando com o anúncio da BlackRock no início do último ano. É algo que toda a indústria está priorizando. Na J&J, nós realizamos, por exemplo, uma sessão para investidores dedicada apenas à sustentabilidade e ao meio ambiente", afirma.

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"A Covid-19 nos fez perceber que precisávamos nos mover ainda mais rapidamente. O que vemos em regiões como a Europa é que o foco está em reconstruir a economia depois da crise de uma maneira mais verde", disse Decker.

Em janeiro de 2020, a BlackRock, maior empresa de investimentos do mundo, anunciou que colocaria a sustentabilidade dos negócios no centro de sua estratégia de alocação de ativos, o que significaria deixar de investir em companhias com amplo impacto ambiental. A decisão da gestora acelerou a valorização dos princípios ESG (sigla em inglês para ambiental, social e de governança) no mercado financeiro por parte de outros grandes investidores.

No caso da Johnson & Johnson, a gigante global de saúde e beleza anunciou no fim do ano passado um plano de gestão ambiental -- o Healthy Lives Mission (Missão para Vidas Saudáveis, em tradução livre) -- que prevê 800 milhões de dólares em investimentos até 2030 por meio de sua divisão Consumer Health, voltada para bens de consumo, para reduzir o impacto causado por embalagens plásticas de seus produtos.

A J&J é dona de marcas famosas como Listerine, Band-Aid, Sundown, SempreLivre e as que levam seu nome.

A operação no Brasil se tornou referência para reduzir a pegada de carbono a partir de embalagens plásticas, com o investimento em infraestrutura para economia circular, que pode ser escalável para o resto do mundo. Além disso, a unidade local desenvolve novos modelos de refis e trabalha com um design enxuto para reduzir o consumo de plástico.

Leia a seguir trechos da entrevista de Katie Decker à EXAME Invest :

Quais os objetivos da Johnson & Johnson com o programa Healthy Lives Mission?

O plano engloba tudo o que fazemos em sustentabilidade, que é a nova maneira como estamos trabalhando. Tem três objetivos principais: pessoas saudáveis, um planeta saudável e pessoas empoderadas e engajadas. E todos esses aspectos trabalham juntos para melhorar a sustentabilidade do nosso portfolio de produtos e de nossas operações e nos guiam sobre como investir nas oportunidades de saúde pública nas comunidades.

E é aí que entra o investimento de 800 milhões de dólares que anunciamos. É um ecossistema. Se verdadeiramente estamos priorizando a saúde das pessoas, temos que priorizar a saúde do planeta, porque ambos coexistem.

Qual a diferença desse plano para outras iniciativas que a J&J já teve no passado?

Nós temos metas ambientais há mais de 30 anos. Fomos uma das primeiras companhias a reportar muitas questões nessa área. A diferença agora é que nós estamos apostando e mudando o foco para produtos de consumo, nas mudanças que precisam ser feitas para assegurar que o nosso portfolio priorize a saúde do planeta e das pessoas. E é por isso que parte da nossa estratégia é relacionada à redução e à reciclagem de plásticos.

Mas há ações em outras áreas. Estamos, por exemplo, focados em prevenir o câncer. Fazer as pessoas pararem de fumar é algo muito importante fora da América Latina. Estamos colocando ênfase à nossa marca Nicorette. Mesmo no Brasil temos alguns programas do ponto de vista de saúde pública, como uma parceria com a campanha nacional para prevenir o câncer de pele.

Como funcionam as parcerias com governos e ONGs na área de sustentabilidade?

Nenhuma companhia será capaz de agir sozinha. Tem a ver com a comunidade. No programa Healthy Lives Mission, há uma série de parcerias com nossos fornecedores, consumidores, ONGs e governos, com todos trabalhando juntos para que nós possamos alcançar o que queremos. E já estamos verificando muito progresso desde que começamos.

Como a J&J faz para mensurar os resultados obtidos com os investimentos em sustentabilidade?

Nós escutamos os nossos stakeholders, nossos consumidores e parceiros. A maneira como medimos o sucesso é como tão rapidamente somos capazes de trabalhar em conjunto e fazer progressos em diferentes áreas. Além disso, em cada um dos nossos quatro pilares, definimos metas que queremos alcançar. Vou dar um exemplo.

Temos oito marcas líderes para o Healthy Lives Mission. Para cinco dessas marcas definimos que 100% das embalagens plásticas utilizadas pelo consumidor serão recicladas até 2030. É uma maneira de medir os resultados. Cada uma de nossas estratégias tem um número de metas que vamos acompanhar para medir o nosso progresso. São marcas com as maiores vendas, o que significa que elas podem causar um impacto maior.

 

Qual a importância do Brasil no programa global de sustentabilidade?

O Brasil está liderando a iniciativa global da J&J relacionada ao percentual de resina pós-consumo reciclada (PCR) em embalagens plásticas. Outra área de destaque da operação brasileira é o investimento em infraestrutura para economia circular. Uma parte grande dos nossos negócios da região está na unidade de negócios de Saúde Essencial. Estamos priorizando marketing digital e eficiência através das marcas, e isso se aplica às iniciativas de sustentabilidade. Tem a ver com a maneira como nos aproximamos dos nossos consumidores para ter relevância, e a sustentabilidade é parte disso.

Como a pandemia do novo coronavírus impactou os planos da empresa em sustentabilidade?

Nós já estávamos com o programa Helthy Lives Missin antes da Covid-19. Mas a doença aumentou a urgência do programa. A doença nos fez perceber que precisávamos nos mover ainda mais rapidamente. O que vemos em regiões como a Europa é que o foco está em reconstruir a economia depois da crise de uma maneira mais verde.

Estamos acelerando muito do trabalho que já estávamos liderando para que tenhamos negócios mais sustentáveis ambientalmente e para que isso aconteça em todas as quatro regiões do globo.

Como a senhora avalia a evolução da forma como o mundo valoriza ações ambientais tomadas pelas empresas?

O ambiente externo continua a mudar e temos que estar atualizados porque as coisas estão evoluindo muito rapidamente. Há diferentes maneiras como medimos isso, por meio de redes sociais e do contato próximo que temos no dia-a-dia com consumidores, parceiros e ONGs. Temos uma conexão próxima para que possamos ter uma compreensão compartilhada dos cenários mais prováveis para o futuro e para que possamos estar preparados.

E como a senhora avalia a importância dada por investidores ao tema da sustentabilidade?

Nós estamos vendo que a sustentabilidade é algo em que os investidores estão muito interessados. Começando com o anúncio da BlackRock no início do último ano. É algo que toda a indústria está priorizando. Na J&J, nós realizamos, por exemplo, uma sessão para investidores dedicada apenas à sustentabilidade e ao meio ambiente.

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