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Monitor do Fogo: Brasil queimou área maior que o Acre ou o Ceará em 2023

Mais de 17,3 milhões de hectares foram queimados no Brasil em 2023. O aumento em relação a 2022, quando 16,3 milhões de hectares foram atingidos pelo fogo, foi de 6%. A área atingida pelo fogo no ano passado foi de aproximadamente 2% do território brasileiro

Queimada na Amazônia, próxima a Porto Velho, em Rondônia (Bruno Kelly/Amazonia Real/Divulgação)
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 22 de janeiro de 2024 às 07h01.

Mais de 17,3 milhões de hectares foram queimados no Brasil em 2023. Isto representa uma área maior que o território de alguns estados da federação, como Acre ou Ceará, de acordo com os dados inéditos da plataforma Monitor do Fogo do MapBiomas.A plataforma também compara os hectares queimados com o tamanho do Uruguai.

O aumento em relação a 2022, quando 16,3 milhões de hectares foram atingidos pelo fogo, foi de 6%. A área atingida pelo fogo no ano passado foi de aproximadamente 2% do território brasileiro.

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O pico das queimadas ocorreu nos meses de setembro e outubro, com 4 milhões de hectares atingidos pelo fogo em cada mês. Apenas em dezembro foram 1,6 milhão de hectares queimados no país - um recorde quando comparado aos meses de dezembro nos anos anteriores desde 2019. Esse aumento se deve principalmente às queimadas na Amazônia.

No último mês de 2023, o Estado do Pará foi o território mais afetado, com 658.462 de hectares consumidos pelo fogo, seguido do Maranhão (338.707 hectares) e de Roraima (146.340 hectares).

“Em 2023, o El Niño desempenhou um papel crucial no aumento dos incêndios na Amazônia, uma vez que esse fenômeno climático elevou as temperaturas e deixou a região mais seca, criando condições favoráveis à propagação do fogo. Se não fosse a redução de mais de 50% no desmatamento, diminuindo uma das principais fontes de ignição, com certeza teríamos uma área bem maior afetada por incêndios na região”, afirma Ane Alencar, diretora de Ciência no IPAM e coordenadora do MapBiomas Fogo.

No Pará, a área queimada aumentou 572% em relação ao mesmo mês do ano anterior. No mês de dezembro, os dados mostram que a Amazônia foi o bioma mais afetado pelo fogo, seguido do Pantanal e do Cerrado. Na Amazônia, foram 1,3 milhão de hectares queimados, um aumento de 463% em relação ao mês do ano anterior. No Pantanal a área queimada em 2023 foi o triplo do que em 2022.

“O fogo, que invadiu áreas do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro (MS) e do Parque Estadual Encontro das Águas (MT), foi potencializado pela estiagem no final do ano, principalmente no mês de novembro, que concentrou 60% de toda a área queimada no bioma Pantanal”, diz Eduardo Rosa, da equipe do Pantanal do MapBiomas.

Em 2023, as pastagens corresponderam ao uso da terra mais afetado pelo fogo  (28%),seguidas dos tipos de vegetação nativa, formação campestre (vegetação com predomínio de gramíneas e outras plantas herbáceas - 19%), e formação savânica (vegetação com árvores distribuídas de forma esparsa e em meio à vegetação herbáceo-arbustiva contínua - 18%) do total da área queimada.

O que é o Monitor do Fogo

O Monitor do Fogo é o mapeamento mensal de cicatrizes de fogo para o Brasil, abrangendo o período a partir de 2019, e atualizados mensalmente. Baseado em mosaicos mensais de imagens multiespectrais do Sentinel 2 com resolução espacial de 10 metros e temporal de 5 dias. O Monitor de Fogo revela em tempo quase real a localização e extensão das áreas queimadas, facilitando assim a contabilidade da destruição decorrente do fogo.

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