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Bill Gates participa de painel sobre a expansão dos mercados de carbono hoje (27), em Davos. (Yuri Gripas/Reuters)
A pandemia da covid-19 evidenciou a necessidade de considerar as mudanças climáticas como fator decisivo para a definição de ações, políticas públicas e é claro, investimentos. A expansão do ESG ampliou as oportunidades para empresas e países investirem na economia real, baseada em um novo - e estruturado - mercado de carbono e na exploração florestal consciente. A importância dos temas está refletida na programação do Fórum Econômico Mundial desta quarta-feira, (27).
As mudanças climáticas serão o assunto principal de um painel que acontece ao meio-dia (horário de Brasília). John Kerry, enviado especial do presidente norte-americano Joe Biden para o clima, será o nome de peso no debate sobre a contenção do aquecimento global e cumprimento das metas do Acordo de Paris.
Junto dele, estarão Amina Mohammed, secretária geral adjunta das Nações Unidas; Børge Brende, presidente do Fórum Econômico Mundial; Alok Sharma, presidente da Convenção das Nações Unidas para o Clima (COP26) e representantes do setor privado como Jesper Brodin, presidente da IKEA e Feike Sybesma, presidente da Royal DSM, multinacional do setor de saúde e nutrição.
O avanço da bioeconomia na Amazônia, a restauração do bioma e a exploração de recursos humanos e naturais na região será o tema de um painel que reunirá representantes políticos e empresariais, como o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, e o presidente do BNDES, Gustavo Montezano. Representando as empresas na discussão sobre a exploração sustentável da Amazônia está Candido Bracher, presidente do Itaú, e Eduardo Bartolomeo, da Vale. O painel será realizado às 10h da manhã, no horário de Brasília.
O último painel do dia conta com a participação de nomes como Bill Gates, Mark Carney, enviado especial da ONU para as ações climáticas e finanças e Nicole Shwab; chefe de soluções baseadas na natureza do Fórum Econômico Mundial. Os participantes vão falar sobre a ampliação dos mercados de carbono, e sobre como as ações climáticas podem impulsionar oportunidades de financiamento globalmente.
O Brasil é considerado uma das maiores potências mundiais em carbono, e o governo está em vias de implementar um mercado regulado, como fizeram a União Europeia, a China e alguns estados americanos, como a Califórnia. O Acordo de Paris também prevê a criação de um mercado global entre países. A regulamentação do artigo 6 do Acordo é esperada para a próxima conferência do Clima, em Glasgow, na Escócia.
Na última terça-feira, o capitalismo que prioriza todos os envolvidos foi o grande tema do dia. Larry Fink, CEO da BlackRock, a maior gestora do mundo com mais de 8 trilhões em ativos - e uma das vozes mais atuantes na defesa do novo capitalismo - participou de um painel com Brian Moynihan, CEO do Bank of America; Marc Benioff, CEO da Salesforce; Kristalina Georgieva, diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional; e Chrystia Freeland, ministra das finanças do Canadá, para debater modelos de aplicação do capitalismo de stakeholder no mundo.
Na segunda-feira, em painel com as presenças de Klaus Schawb, fundador e chairman do Fórum, e Alexander De Croo, primeiro ministro da Bélgica, a economista ítalo-americana Mariana Mazzucato, defendeu uma revisão da origem da riqueza econômica. “Não acredito que teremos um capitalismo de stakeholder se continuarmos a dizer que a geração de riqueza acontece apenas nas empresas”, afirmou a professora de economia da inovação na Universidade College London, no Reino Unido.
O que Mazzucato defende é que nenhuma conquista do setor privado, desde o iPhone até a Alexa, acontece sem alguma ajuda dos governos. A internet, inovação da qual toda a indústria de tecnologia depende, é o melhor exemplo dessa dinâmica – afinal, ela foi criada pelo governo americano.
Em seu novo livro, A Moonshot Guide to Changing Capitalism (Guia para mudar o Capitalismo, na tradução livre), a economista compara o momento atual com a corrida espacial da década de 60. Mazzucato lista “20 coisas que não existiriam sem as viagens espaciais”, entre elas tênis esportivos, papinha para bebê, isolamento térmico e tomografia. Seu principal argumento é que um grande projeto governamental, como a missão Apolo, que levou os seres humanos à lua, é necessário para movimentar as engrenagens da inovação e do desenvolvimento.
“Não podemos compartilhar a riqueza se não admitirmos que a criamos coletivamente. As discussões mais vanguardistas, hoje, apontam para o fim da dicotomia entre geração e distribuição de riqueza. Pensamos na direção do investimento público e em maneiras como ele pode contribuir para o desenvolvimento empresarial, em um ambiente livre de corrupção”, afirmou Mazzucato.
No mesmo painel, o CEO do PayPal, Dan Schulman, levantou outro questionamento a respeito de um componente caro aos defensores do capitalismo de stakeholder: a defesa da democracia. “Mais de 7 bilhões de pessoas no mundo estão fora do sistema financeiro. Nos Estados Unidos, dois terços dos adultos têm dificuldade em pagar as contas”, afirmou Schulman, ferrenho defensor do capitalismo de stakeholder. “Como esperar que as pessoas defendam a democracia se não acreditam que o sistema funciona para elas?".