Maiores empresas globais reduzem emissões, mas apenas 16% devem alcançar o net zero
Estudo da Accenture analisou as metas de emissões zero das companhias até 2050 e concluiu que a descarbonização ainda é insuficiente, além de sugerir o maior uso da inteligência artificial para chegar lá
Repórter de ESG
Publicado em 2 de dezembro de 2024 às 17h39.
Última atualização em 2 de dezembro de 2024 às 17h41.
Embora mais da metade (52%) das maiores empresas do mundo tenha reduzido suas emissões em relação ao Acordo de Paris, apenas 16% deve alcançar onet zero ou as emissões líquidas zeroaté 2050. É isto que revela o novo relatório de 2024 divulgado nesta segunda-feira (2) pela consultoria Accenture, após analisar os compromissos ESG de 2 mil companhias do setor privado e público.
O número ficou abaixo dos 18% registrados no ano passado e significa que o ritmo atual dedescarbonizaçãoainda não é suficiente para atingir asmetas climáticas globais.Além disso, a análise identificou que 37% dasmetasse encontram estagnadas e 45% das empresas continua a aumentar suaspegadas de carbono.
O termo "Net Zero " se refere a um cenário em que a quantidade de gases de efeito estufa emitidos na atmosfera é equilibrada pela quantidade removida, o que significa uma contribuição nula para o aquecimento global. O Acordo de Paris estipula que o marco é essencial para que o planeta consiga limitar o aumento da temperatura em 1,5ºC.
Por outro lado, a Accenture destaca a necessidade de expandir o uso da inteligência artificial (IA) para diminuir as emissões. Atualmente, apenas 14% delas apresentam evidências de uso da tecnologia para a finalidade de descabonizar suas operações e cadeias e grande parte está na Europa (20%), em comparação com 14% na Ásia-Pacífico e 10% na América do Norte.
Felipe Bottini, líder da área de sustentabilidade da Accenture no Brasil, disse em nota que embora a redução das emissões seja um marco significativo para alcançar o net zero, é preciso avançar mais rapidamente, reinventar cadeias de valor sustentáveis e apostar em tecnologias.
"A IA pode ajudar, mas só pode ir até certo ponto. O cenário mais realista é que esta inicialmente emita mais do que compense, até que um ponto crítico seja alcançado. O escalonamento responsável e sustentável significa garantir que esse ponto seja atingido o quanto antes", destacou.
Aposta na IA
A inteligência artificial é demandante em energia para funcionar -- e se não forem utilizadas fontes renováveis ou limpas -- há um impacto negativo para a organização.
Para entender este uso, a consultoria modelou o uso dehardware nos data centers pelo mundo e previu que as emissões relacionadas à tecnologia aumentarão mais de 10 vezes (de 68 para 718 milhões de toneladas de CO2até 2030) caso não se tenham inovações em sistemas de energia, computing technology e algoritmos.
Mesmo assim a maioria dos líderes está otimista quanto ao potencial da IA na descarbonização.Em relação ao seu impacto, 42% espera que elareduza as emissões, contra os 27% que acredita em um aumento ao curto prazo de três anos. Já em um período de 10 anos, a maioria (65%) projeta a redução.
O estudo também identificou que 80% das empresas têm adotado cinco alavancas-chave para descarbonizar: eficiência energética, menor geração de resíduos, energias renováveis, princípios da economia circular e redução de impacto em edifícios. Enquanto isso, 30% adotam 15 ou mais.