Investimento de impacto: SITAWI quer financiar negócios que ajudem a Amazônia
Plataforma de investimento coletivo procura empresas que possam salvar a floresta e que gerem renda para comunidades da região
Maria Clara Dias
Publicado em 22 de dezembro de 2020 às 16h42.
Última atualização em 22 de dezembro de 2020 às 16h43.
Os projetos de impacto agora têm uma nova chance de acesso ao crédito. A Sitawi Finanças do Bem, organização sem fins lucrativos voltada a investimentos de impacto, abriu uma nova chamada de financiamento coletivo que convoca negócios socioambientais e organizações focadas na preservação da Amazônia.
Os negócios selecionados serão incorporados à Plataforma de Empréstimo Coletivo da Sitawi, chamada de Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA). A rodada será financiada pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), o CIAT (Centro Internacional de Agricultura Tropical) e o Instituto Humanize.
O financiamento oferece às empresas a possibilidade de tomarem crédito a um juros abaixo da média do mercado, com taxas que giram em torno de 6,5% e 7,5% ao ano e um prazo de pagamento de até 36 meses. Cada organização poderá captar entre 200 mil e 800 mil reais, que serão usados como capital de giro para alavancar o negócio. As inscrições vão até 08 de janeiro de 2021.
De acordo com Bruno Girardi, gerente de operações da Plataforma de Empréstimo Coletivo da SITAWI, o desejo é encontrar empresas comprometidas com o extrativismo sustentável, a preservação florestal e o fortalecimento de comunidades. “Queremos alavancar a bioeconomia. Essa chamada vale para empresas ou cooperativas com ou sem fins lucrativos, basta terem formato jurídico oficial, ou seja, registro de CNPJ”, diz.
A análise e seleção das empresas é feita com base em quatro pilares fundamentais: ética dos empreendedores, impacto socioambiental comprovado, capacidade de execução do projeto e capacidade de repagamento das dívidas. Segundo Girardi, o crédito vem para financiar capital de giro ou investimentos que multipliquem a renda da empresa, do cooperado, da comunidade ou da sociedade como um todo.
A Sitawi também deve olhar para o modelo de negócio e saúde financeira de cada organização, analisando informações sobre geração de receita e fluxo de caixa, por exemplo.
A abrangência também será um critério de avaliação. A Sitawi vai avaliar quantas pessoas ou hectares de floresta são beneficiados por cada um dos projetos. Outro critério fundamental é a profundidade. “Muitas vezes, a abrangência de um negócio é menor, mas o impacto é imenso na comunidade”, diz Girardi.
Além do crédito, a Sitawi se compromete a acompanhar cada uma das organizações por meio de mentorias e workshops oferecidos pela organização.
Por que a Amazônia agora
Esta será a segunda rodada de financiamento feita pela plataforma de empréstimo coletivo. Há um ano a Sitawi c oncluiu uma chamada de investimento que captou 1,6 milhão de reais, direcionado para empresas de impacto, mas sem foco na Amazônia. “Existe uma grande atenção global para isso. Para nós, a Amazônia sempre foi essencial, e ficamos felizes de ver que parceiros têm expandido seu capital para essa finalidade”, diz.
Dentro da plataforma, o investimento mínimo é de 1.000 reais, o que facilita o acesso de pequenos investidores. “Essa chamada é para pessoas que estão mais preocupadas com o que consomem, com quem produziu a comida, quem está costurando a roupa, entre outros fatores. A consciência do consumidor é também a do investidor”, diz.
Junto à preocupação ambiental, há também o retorno financeiro. A última rodada, feita em 2019, rendeu 6,5% de juros ao ano, quase 3 vezes o retorno do CDI, investimento de renda fixa atrelada à taxa Selic. “A Sitawi foi muito inovadora quanto democratizou o acesso a investimento de impactos para investidores, porque assim o desenvolvimento sustentável continua sendo parte da agenda prioritária do mercado financeiro".