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Unidade piloto de produção de hidrogênio da EDP no Brasil: tudo conspira para o desenvolvimento desse mercado (EDP/Divulgação)
Editor ESG
Publicado em 12 de maio de 2023 às 11h01.
Entre 6 e 12 trilhões de dólares serão investidos no setor de hidrogênio verde, globalmente, entre 2025 e 2050, segundo um estudo realizado pelo Boston Consulting Group (BCG), empresa de pesquisa de mercado. A demanda pelo combustível, extraído da água, alcançará 350 milhões de toneladas por ano na metade do século, três vezes e meia maior do que o consumo atual, considerando a produção de hidrogênio feita a partir do gás natural, método não sustentável utilizado nos dias de hoje.
A perspectiva de uma injeção massiva de dinheiro no setor é uma ótima notícia para o Brasil. Com 85% da matriz energética composta de fontes renováveis, o país está preparado para liderar esse mercado, diz a consultoria, que se apresenta como uma alternativa viável para a descarbonização de setores intensivos em carbono, como a mineração e o transporte de carga.
“O Brasil pode se destacar no mercado de hidrogênio verde e almejar um protagonismo em mercados externos, produzindo cerca de 15 milhões de toneladas de H2v e suprindo as necessidades da Europa e Ásia”, afirma Ricardo Pierozzi, sócio do BCG dedicado a novas fronteiras em energia renovável. Apesar das boas condições, como se diz no jargão de mercado, não existe almoço grátis. “Para isso, governos e empresas precisam se mover rapidamente”, acrescenta Pierozzi.
Atrair investimentos em hidrogênio verde depende de algumas circunstâncias. Não quer dizer que elas sejam condicionantes, ou que toda essa será canalizada para um ou dois países. Porém, o lugar que oferecer o cenário mais amigável ao investidor receberá as primeiras levas de dinheiro, que costumam ser mais generosas. São elas:
“Empresas que investiram em energia eólica e solar no início de 2010 relatam taxas de retorno mais altas do que aquelas que fizeram o mesmo na década seguinte. Historicamente, os primeiros investidores têm melhores resultados – este é o momento para o hidrogênio de baixo carbono”, afirma Arthur Ramos, diretor executivo e sócio do BCG.
O que faz do Brasil uma potência do hidrogênio verde é um conjunto de fatores naturais e energéticos. Primeiro, há que se considerar a disponibilidade de recursos naturais para a produção do hidrogênio, tanto o chamado “cinza”, que usa como matéria-prima o gás natural, um combustível fóssil, quanto o verde, produzido a partir da água.
Em segundo lugar, a matriz elétrica majoritariamente limpa. O processo de produção do hidrogênio verde consiste, basicamente, em separar as moléculas de oxigênio e hidrogênio presentes na água (h2O). Para isso, usa-se a eletrólise, um processo industrial que demanda muita energia. Só é possível produzir hidrogênio verde com energia limpa, sendo as fontes mais indicadas a eólica e a solar. Nenhum outro país no mundo tem a disponibilidade de energia renovável que o Brasil tem.
Por último, está o potencial de crescimento das fontes renováveis. Há uma discussão, principalmente na Europa, sobre a necessidade de considerar uma capacidade adicional de geração limpa para que o hidrogênio seja considerado verde, ou seja, se um país precisa substituir a energia renovável usada na produção do combustível por outra não renovável, não poderá certificar o produto. Isso representa um obstáculo para os europeus, cuja capacidade de geração é menor por questões de clima e geografia. No Brasil, ainda há muita margem para crescimento.
Em 2021, o governo brasileiro apresentou, no Fórum Ministerial do Diálogo de Alto Nível das Nações Unidas sobre Energia, da ONU, compromissos voluntários em biocombustíveis e hidrogênio, como contribuição nacional para acelerar o cumprimento das metas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 7 (ODS 7), que prevê acesso universal a energias limpas. No ano seguinte, foram publicados dois marcos legais que afetam diretamente o segmento:
Dentro desses percentuais, 60% deve ser hidrogênio sustentável – de fontes energéticas como solar, eólica, biomassas, biogás e hidráulica até 2032, com aumento de participação de 80% até 2050
Mas, como em tudo na vida, existem pontos de atenção a serem considerados, e o Ipea listou alguns deles: