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Iniciativa global de descarbonização da indústria seleciona três projetos brasileiros para acelerar

O Acelerador de Transição Industrial (ITA) está expandindo sua atuação no país e irá contemplar soluções verdes de amônia, metanol e hidrogênio de baixo carbono no Nordeste

O Porto de Pecém, no Ceará, é pioneiro na incipiente produção de hidrogênio verde no Brasil  (AES/Divulgação)

O Porto de Pecém, no Ceará, é pioneiro na incipiente produção de hidrogênio verde no Brasil (AES/Divulgação)

Sofia Schuck
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 16h21.

Última atualização em 13 de dezembro de 2024 às 16h25.

O Acelerador de Transição Industrial (ITA) é fruto da Conferência do Clima da ONU (COP28) em Dubai e nasceu para impulsionar a descarbonização da indústria e atrair investimentos para tecnologias e inovações verdes. Seu foco é voltado a setores altamente emissores como o alumínio, cimento, produtos químicos e aço e no transporte de aviação e marítimo. Ao todo, estes repondem por cerca de um terço das emissões globais.

Em julho deste ano, o Brasil foi o primeiro país a aderir a iniciativa global -- que é financiada pela Bloomberg Philanthropies e pelos Emirados Árabes Unidos.

Rumo à COP30 em Belém do Pará, o ITA acaba de selecionar três projetos no Nordeste com potencial na transição para uma economia de baixo carbono: European Energy, projeto Fortescue H2V e o Green Energy Park.

As soluções envolvem hidrogênio, amônia e metanol verde e se unem ao Atlas Agro, primeiro projeto anunciado no programa do ITA no Brasil em outubro deste ano e que se refere a uma planta de produção de fertilizantes de baixo carbono em Minas Gerais.

O European Energy é a primeira fábrica em larga escala do Brasil para produzir metanol sintético a partir de hidrogênio verde (e-metanol), no Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Pernambuco. Com um investimento de 344 milhões de dólares, a planta tem como meta uma capacidade de produção de 100 mil toneladas por ano e poderia evitar até 254 mil toneladas de emissões de CO2, segundo o ITA. A solução é uma alternativa ao uso de combustíveis fósseis no transporte marítimo.  

Já o Fortescue H2V aposta em uma instalação integrada de hidrogênio verde e amônia no Porto de Pecém, no Ceará, capaz de produzir 168 mil toneladas de hidrogênio por ano. Desenvolvido pela mineradora australiana Fortescue, o investimento é na casa de US$ 4 bilhões. Quando entrar em operação, a produção de uma tonelada deste ativo renovável pode evitar 12 toneladas de emissões anuais no setor de energia. Atualmente, o complexo já é pioneiro e referência na produção de hidrogênio de baixo carbono. 

Para fechar os contemplados, o Green Energy Park está desenvolvendo uma unidade de produção e exportação de amônia verde no Piauí. O investimento é de US$ 4,5 bilhões e após a conclusão da primeira fase, o projeto pode evitar até 3,2 milhões de toneladas de emissões por ano. Seu escopo inclui o uso doméstico de hidrogênio verde para processos na indústria -- como a de aço verde -- e o estabelecimento de um corredor de transporte marítimo sustentável para outros países do mundo. 

Juntos, os três projetos podem evitar a emissão de cerca de 5,4 milhões de toneladas de CO2 anualmente, destacou o ITA. 

Alinhado com a Estratégia Nacional de Descarbonização da Indústria, em desenvolvimento pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) do Brasil, o programa levantou os principais desafios e oportunidades dos setores -- em parceria com a consultoria Systemiq.

Em colaboração com a recém-lançada Plataforma de Investimento em Transformação Ecológica e Climática do Brasil (BIP) do governo federal, o ITA articula com atores públicos e privados para destravar o financiamento dos projetos verdes e impulsionar políticas industriais. Como grande marco, o Atlas Agro e a Fortescu já foram incluídos na BIP. 

Rodrigo Rollemberg, Secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioeconomia do MDIC, destacou em nota que o Brasil oferece oportunidades únicas para a descarbonização mundial, dadas suas vantagens comparativas para se tornar um líder em produtos de baixo carbono.

Faustine Delasalle, Diretora Executiva do ITA, disse que os projetos escolhidos demonstram uma oportunidade econômica real para o país no crescimento do setor verde.

"Essas instalações emblemáticas de produção com baixo teor de carbono representam o tipo de investimento industrial que precisamos ver multiplicado em todo o mundo para atingir nossas metas climáticas coletivas. Junto a nossos parceiros brasileiros, iremos melhorar a política e o ambiente de mercado em que eles operam para permitir que esses e outros semelhantes prosperem", complementou.

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