Ikea (picture alliance / Colaborador/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 19 de maio de 2021 às 11h09.
A Ikea, da Suécia, ergueu a bandeira do arco-íris na frente de sua loja em Belgrado em uma demonstração de solidariedade à comunidade LGBT na Sérvia e está apoiando publicamente um projeto de lei para reconhecer a união do mesmo sexo.
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A gigante de móveis vem apoiando abertamente a proposta sérvia desde 10 de março deste ano, quando Sara Del Fabbro, CEO da Ikea South East Europe, participou da primeira discussão pública formal sobre o projeto de lei organizado pelo ministério dos direitos humanos, das minorias e do diálogo social. A Ikea disse que continua sendo a única empresa na Sérvia a fazer isso publicamente.
“Muitas pessoas neste país ainda acreditam que a homossexualidade é uma doença e ainda estão inclinadas a discriminar as pessoas LGBT”, disse Del Fabbro em uma entrevista. “Eu sinto muito orgulho de termos dado um passo publicamente para apoiar a aprovação da lei. Eu tenho a esperança de não sermos a única marca a faz isso abertamente.”
A pandemia destacou um aumento no abuso e discurso de ódio contra a comunidade LGBT na Europa, de acordo com grupos de defesa como ILGA. As tendências na Europa Oriental têm variado, com a Polônia e a Hungria reprimindo os direitos dos homossexuais, enquanto a Sérvia seguiu o vizinho Montenegro, que se tornou a primeira nação fora da União Europeia na região dos Bálcãs a legalizar uniões do mesmo sexo no ano passado.
A Ikea, que entrou no país há quatro anos, também participou de um diálogo social que patrocinou o projeto que passou por consulta pública no início deste ano. A chamanda Bandeira de Progresso, incluindo listras coloridas adicionais, foi levantada pela primeira vez na segunda-feira em outros países como parte das etapas que marcam o Dia Internacional Contra a Homofobia, Transfobia, Lesbofobia e Bifobia, de acordo com o Grupo Ingka, que opera a maioria das lojas Ikea.
Ana Brnabic, a primeira primeira-ministra abertamente lésbica da Sérvia, conquistou um segundo mandato em outubro passado, após uma vitória eleitoral esmagadora. Mesmo assim, vários grupos sérvios de direita e conservadores organizaram recentemente as chamadas “caminhadas familiares” em contraste com os eventos do orgulho gay, sublinhando o estigma. O presidente Aleksandar Vucic também sinalizou que não vai assinar o projeto de lei sobre uniões do mesmo sexo.
A Ikea tem uma história de defesa dos direitos dos homossexuais na Europa Oriental. Sua unidade polonesa foi processada por promotores no ano passado, depois de demitir um homem por causa de seu comentário na intranet da empresa durante um evento corporativo do orgulho gay.
Há agora um impulso corporativo crescente na Europa Oriental para uma maior diversidade no local de trabalho, uma pesquisa recente de profissionais de recursos humanos mostrou.
Ainda há 30.000 funcionários entre 166.000 do Grupo Ingka que não se sentem incluídos por uma variedade de razões, de acordo com Peter List, chefe global de igualdade, diversidade e inclusão. A empresa acompanha seu progresso por meio de um índice de inclusão.
“Se você atingir a inclusão, criará uma força de trabalho mais diversificada e as pessoas vão querer se juntar a você”, disse List em uma entrevista. “Sabemos que isso é bom para os negócios e a sociedade, e é para isso que precisamos continuar trabalhando.”
Em outras partes da região, Ingka assinou uma iniciativa civil na Hungria em defesa da paternidade do mesmo sexo, disse List. Suas iniciativas globais incluem banheiros de gênero neutro na Austrália, que geraram “muito feedback de clientes e colegas de trabalho”, acrescentou.
A resposta das organizações, mídia e formadores de opinião sérvios até agora tem sido positiva para o envolvimento LGBT da Ikea, de acordo com Del Fabbro.
Na Sérvia, essas “questões ainda são substanciais, portanto, é importante que as empresas defendam isso a fim de criar um movimento positivo na sociedade”, disse Del Fabbro, acrescentando que a Ikea também garante que seja “sensível às necessidades locais específicas.”
“É uma evolução”, ela disse.