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Governo lança programa para ampliar participação de trabalhadores negros no comércio exterior

O que motivou a iniciativa foi um estudo divulgado pelo MDIC que traz o cenário de disparidade racial em empresas exportadoras e importadoras brasileiras; Salários são até 56% menores para pretos e pardos

A desigualdade é ainda maior para mulheres negras: seu salário 44,4% mais baixo do que o de homens brancos em exportadoras (Thomas Barwick/Getty Images)
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 7 de novembro de 2024 às 18h07.

Última atualização em 7 de novembro de 2024 às 18h12.

Embora a presença de trabalhadores negros em empresas brasileiras exportadoras e importadoras tenha aumentado na última década, a desigualdade ainda é muito forte em relação à ocupação dos principais postos de gerência e diretoria -- e o salário pode chegar a ser 56% mais baixo, especialmente entre as mulheres.

É isso que revela um novo estudo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) sobre disparidade racial no comercio exteriorlançado nesta quinta-feira (7) pelo vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, e a ministra a Igualdade Racial, Anielle Franco.

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Visando mudar o cenário, ogoverno federalanunciou umprograma para a ampliar participação de pessoas pretas e pardasneste setor, promovendo ainclusão e capacitaçãopor meio de cursos, consultorias, pacotes de incentivos e fornecendo uma rede de apoio para que estejam em maior peso em feiras, eventos e rodadas de negócio internacionais.Entre os outros objetivos da iniciativa, estão fortalecer a visibilidade internacional dos produtos e serviços oferecidos por empreendedores negros e mobilizar o setor empresarial em prol de ações que promovam diversidade.

Em parceria com a ApexBrasil, o programa também engloba o “1º Prêmio de Inclusão e Diversidade Racial no Comércio Exterior”, e irá reconhecer 27 empresas nas categorias Ouro e Prata para ganharem benefícios e serem ainda mais impulsionadas no mercado global.

Disparidade racial

Segundo o estudo que cruzoumicrodados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) até 2021, pessoas pretas e pardas ocupavam apenas 20% dos cargos de gerência e direção em empresas exportadoras , e 34% nas domésticas.

Nas primeiras, somente 8,9% dos diretores e 21% dos gerentes eram negros. Já nas importadoras, a proporção era de 11,2% e 24,5%, respectivamente. Em relação às companhias que não se enquadram no comércio exterior, o percentual sobe para 23,6% nos cargos de direção -- e de 34,5% em gerência.

Já o salário médio de negros em relação aos brancos é 61% menor nas exportadoras, e 60,6% nas importadoras. Nas empresas domésticas, o número sobe para 74,9%. A desigualdade cresce para as mulheres, que recebem ainda menos no geral, e entre as negras a diferença é ainda maior: elas recebem 44,4% da remuneração de homens brancos em exportadoras, por exemplo.

Em 2021, 50,2% dos colaboradores nas empresas brasileiras eram homens, enquanto a presença feminina era de 44,3%. No comércio exterior, a disparidade foi mais acentuada: 42,6% de homens negros e apenas 38,3% de mulheres negras nas exportadoras.

O documento ressalta que os dados mostram que as empresas do comércio externo tendem a pagar melhores salários e contar com força de trabalho com melhor qualificação. "Nesse sentido, merece especial atenção pensar coletivamente como localizar os principais impeditivos para que esse setor, por suas características e dinamicidade, incorpore de modo mais ativo uma maior representatividade”, cita.

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