ESG

Executivos ainda ativos participam cada vez mais de conselhos

Executivos/executivas estão começando a ingressar conselhos muito antes do que acontecia antes. E as empresas estão mudando as regras de governança para permitir que isto aconteça

Carol Niemeyer: estamos vendo nascer conselhos muito mais diversos (Fabiano Feijó/Reprodução)

Carol Niemeyer: estamos vendo nascer conselhos muito mais diversos (Fabiano Feijó/Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2022 às 08h02.

Algumas semanas atrás escrevi um artigo falando da importância de conhecermos nossa história e como nossos conhecimentos podem contribuir com conselhos de administração/conselhos consultivos. Ter consciência dos aprendizados adquiridos e de como eles vão ser traduzidos na prática em perguntas inteligentes e questionamentos estruturados é o primeiro passo.

Antigamente as pessoas acreditavam num determinado perfil para conselho: ex-CEO ou C-level, normalmente homem, branco e que se tornava conselheiro quando encerrava a carreira executiva. Esse perfil foi alimentado por muitos anos e no Brasil ainda estamos vivendo o momento da transição. A visão de muitas pessoas ainda é de que só poderá contribuir depois que se “aposentar” ou depois de atingir um cargo de ao menos C-level. Mas é justamente essa fase de mudança que estamos vivendo hoje.

Quando somamos a experiência de um executivo na prática com a de conselhos, os cargos se retroalimentam. Os desafios do dia a dia na gestão e na execução trazem ótimos insights para o conselho e as discussões do conselho trazem ótimos questionamentos para a gestão.

Finalmente está se abrindo à possibilidade de executivos de uma determinada empresa fazerem parte de conselhos de outros negócios – não necessariamente do mesmo grupo econômico daquele onde atuam na gestão e acredito que haja muita possibilidade de ganho nessa combinação. Afinal, são os desafios enfrentados na prática que acabam gerando mais questionamentos nas reuniões de conselho, e são as trocas com os demais conselheiros que trazem novas óticas para a gestão.

E por isso grandes executivos/executivas estão começando a ingressar conselhos muito antes do que acontecia antigamente quando aguardavam a aposentadoria para experimentar essa nova possibilidade. E dessa forma as empresas estão mudando suas regras de governança para permitir que isso aconteça.

Seja executivos/executivas mais experientes participando de conselhos de startups para levar às startups a visão mais estruturada e de quem já viveu mais e em contrapartida levar de volta uma visão jovem das mudanças rápidas e inevitáveis que a tecnologia está trazendo; seja executivos/executivas de outras áreas como RH, sustentabilidade, finanças que ingressam em comitês específicos ou até conselhos consultivos ou conselhos de administração enquanto ainda atuam na gestão efetiva.

As mudanças são constantes e inevitáveis e numa velocidade que as vezes fica difícil dos negócios e executivos/executivas acompanharem de perto. Por isso o papel dos conselhos é tão importante. E ter um perfil diverso e eclético é uma ótima ferramenta para garantir que as empresas estarão preparadas de forma estruturada para as mudanças que estão ocorrendo e que afetam todos os setores e negócios.

E é justamente aí que esse mix de experiências e formações traz ainda mais valor. Sabemos que a quantidade de mulheres em conselhos está finalmente aumentando, e ao lado desse aumento, estamos vendo uma diversidade maior de perfis não só de gênero, mas de idade, de experiências e de perfis também surgindo nas empresas.

Assim estamos vendo nascer conselhos muito mais diversos – com empreendedores participando de conselhos de outros negócios, executivos intercalando suas agendas complexas entre tocar os seus negócios e sentar em outros conselhos e comitês, executivos/executivas saindo da sua zona de conforto para trazer novos insights – tudo isso muito antes da aposentadoria.

E é nessa nova visão que está se formando que se abrem possibilidades de novas vagas e oportunidades. Portanto finalizo aqui reforçando a mensagem para que busquem vagas em que achem que podem gerar valor e peçam para fazer parte do processo de seleção dessas vagas. Ao mudarmos a forma com que encarramos o perfil dos conselheiros enxergamos muito mais espaço e oportunidades do que se olharmos para os conselhos como antigamente.

 *Carolina Niemeyer é membro de conselhos de administração e sócia co-fundadora do WOB – Women on Board. Advogada com perspectiva diversificada de negócios, visão de investidora, empreendedora e gestora. Tem experiência na área financeira, em gestão de investimentos, incluindo private equity, M&A, governança corporativa, contratos financeiros e Project Finance. Foco em resultado com visão completa de análise de risco, incluindo sob a perspectiva jurídica e financeira, levando em consideração estratégia e inovação. Experiência internacional na Itália, Suíça, Holanda e China. Fluente em português, inglês, francês e italiano.

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