Apoio:
Parceiro institucional:
Para o diretor-executivo da Casa dos Ventos, Brasil tem boas chances no metanol verde, combustíveis limpos marítimos e SAFs (Casa dos Ventos/Divulgação)
Repórter de ESG
Publicado em 16 de dezembro de 2024 às 12h25.
Última atualização em 16 de dezembro de 2024 às 12h26.
A RIMA Industrial, mineradora focada na produção de ligas de silício e magnésio, e a Casa dos Ventos, empresa especializada na produção e comercialização de fontes eólica e solar, acabam de firmar um novo contrato de fornecimento de energia no montante de R$ 1 bilhão.
Durante 15 anos, a Casa dos Ventos abastecerá a operação da RIMA em Várzea da Palma (MG) com fontes eólicas, processo que busca acelerar a descarbonização da indústria brasileira. Ao fim da obra, o projeto terá 756 MW de capacidade instalada – o que representa mais de mil toneladas de CO2 não emitido.
A operação com a RIMA tem início em 2026, e o próximo ano deve ser marcado pelo fim da instalação dos complexos eólicos, que atualmente estão em estágio avançado. Para a RIMA, o volume de energia eólica negociado representa 40% do seu consumo no longo prazo.
Trata-se do segundo acordo entre as empresas, que já haviam assinado sobre o fornecimento de 20 MW em setembro deste ano, entregue antes do prazo estipulado. Com a ampliação da parceria, a demanda da unidade fabril será atendida pelos complexos eólicos de Serra do Tigre e Rio do Vento, no Rio Grande do Norte – Estado em que a Casa dos Ventos já conta com 2 GW de capacidade instalada entre diferentes ativos.
O diretor-executivo da Casa dos Ventos, Lucas Araripe, contou com exclusividade à EXAME sobre o acordo entre as empresas e as expectativas ambientais e econômicas envolvidas. “Hoje, com 3,4 GW de capacidade instalada entre operação e instalação, priorizamos os contratos de longo prazo para garantir a previsibilidade”, conta.
De acordo com o executivo, projetos maiores ajudam a garantir a competitividade do setor energético brasileiro, que surge cada vez mais sob os holofotes do mundo pela sua matriz altamente renovável. “A ideia é trazer mais segurança e estabilidade para as empresas”, explica.
Segundo o diretor, a RIMA ainda comprou participação dos parques eólicos, se tornando autoprodutora de energia. “No Brasil, essa tendência pode reduzir ainda mais os custos com a energia, viabilizando os projetos”, afirma.
O diretor de energia e mineração do Grupo RIMA, Alexandre Amaral, conta que a parceria entre as empresas busca trazer a sustentabilidade para o centro da produção industrial. Como o silício e o magnésio são insumos eletrointensivos, a empresa tem o compromisso de ter sua matriz elétrica proveniente de fontes sustentáveis nos próximos anos.
“A indústria brasileira é energeticamente sustentável no contexto mundial, muito em função da nossa matriz elétrica, extremamente limpa e renovável. Isso é fruto de um grande crescimento recente, em especial das fontes eólicas”, conta.
Araripe ainda comenta que a parceria é um incentivo para que mais indústrias intensivas em carbono, como é a mineração, possam desenvolver suas estratégias sustentáveis. “Temos colaborado para sermos líder no Brasil e ainda fomentar o trabalho de grandes empresas para catalisar a transição energética, seja trazendo outras indústrias para o jogo ou convertendo a energia fóssil em elétrica renovável”, explica.
Neste ano, a Casa dos Ventos marcou sua entrada na área de energia solar, e já conta com 300 MW aprovados. Araripe explica que a companhia busca aprovar mais 900 MW ao longo dos próximos meses.
Para o diretor da Casa dos Ventos, o investimento brasileiro em novas fontes energéticas limpas, como o hidrogênio verde, é prova do aquecimento do setor em 2025.
A transformação do combustível em amônia verde (pela adição do nitrogênio atmosférico) é uma das promessas para incentivar a produção no Brasil e possibilitar a exportação do combustível. A companhia já trabalha nessa missão a partir de um acordo com a Comerc Eficiência.
Isso porque o transporte do hidrogênio verde precisa ser realizado a uma temperatura de -253°C para evitar sua liquefação, o que envolve muita energia. Já a amônia pode ser transportada a até 15°C. No entanto, demanda energia para ser transformada novamente em hidrogênio verde.
“O Brasil está bem posicionado, com boas chances ainda no metanol verde, combustíveis limpos marítimos e SAFs”, explica Araripe.