Neila Lopes assume diversidade e inclusão na Sanofi (Sanofi/Divulgação)
Marina Filippe
Publicado em 15 de outubro de 2021 às 07h00.
Última atualização em 15 de outubro de 2021 às 12h03.
Há dois meses, Neila Lopes assumiu uma inédita função na subsidiária brasileira da farmacêutica Sanofi: gerente de diversidade e inclusão. A executiva, que há oito anos está na empresa, acumulou a função informalmente junto ao trabalho na equipe de comunicação desde o início de 2020, e agora, com o anúncio, se dedica integralmente à diversidade e segue estruturando temas que pautam a Sanofi há pelo menos dois anos, quando foi instaurado um comitê de diversidade e inclusão.
"No dia a dia, além da governança e das boas práticas há um trabalho com a área de gestão e aquisição de talentos para trazer a proporcionalidade e diminuir as sub-representações. O desafio é também incorporar a diversidade e inclusão na cultura, tema que vem sendo fortemente abordado desde a nomeação de Paul Hudson como CEO global em 2019", diz Lopes.
Para isto, ela se reporta ao time de recursos humanos e acompanha reuniões da liderança com indicadores e metas. Além disto, há também o envolvimento dos grupos de afinidade, sendo eles: gênero, LGBTI+, étnico-racial, pessoas com deficiência e gerações, que tem agendas próprias, mas se unem mensalmente.
"Há encontros mensais de governança dos comitês com cerca de 30 pessoas compartilhando o andamento das ações e as dores. Assim conseguimos, por exemplo, trabalhar de modo transversal entre os representantes de diversidade e as áreas de negócios", afirma.
Com essa metodologia, atualmente, a Sanofi possui 52% de mulheres em cargos de liderança, cumpre a cota legal de pessoas com deficiência, e acelera esse processo com novas vagas, saltando de 106 para 162 pessoas com deficiência na companhia entre os meses de janeiro e dezembro de 2020, por exemplo.
Além disso, segundo a executiva, o tema Diversidade avança quando está integrada ao negócio, diz head da Sanofi. "É uma posição estratégica que acompanha processos, mostra a importância da diversidade em cada uma das áreas, faz parte da comunicação, coleta e geri dados, e mais. Meu papel é fazer conexões e influenciar mudanças para a Sanofi e, consequentemente, para a sociedade", afirma Lopes.
Assim, a liderança passa por treinamentos específicos para a diversidade e inclusão, bem como todo o time participa de reuniões e eventos. Em busca da proporcionalidade, a Sanofi faz parcerias com consultorias como a Labora, de diversidade geracional.
"Começamos um processo de busca intencional de pessoas com 50 anos ou mais. Hoje esses profissionais são 14% do total e esperamos que sejam 22% até 2025". Em outra ação, ainda em fase piloto, cinco pessoas trans são mentoradas durante uma hora por semana por cinco estagiários voluntários. “O foco é o ingresso no mercado de trabalho e a troca de experiências”.
Para fora de casa, a Sanofi busca influenciar a sociedade por meio das campanhas de marketing. Um exemplo ocorreu com a campanha “Conta, Mana”, da Medley, quando em agosto mulheres de diferentes perfis, raças e identidades de gênero foram convidadas a falar sobre saúde mental.
Deste modo, com as práticas e a nomeação de Lopes, o Brasil se torna referência em um modelo que ganha força na Sanofi ao redor do mundo, quando há cargos específicos para diversidade e inclusão, afirmando a importância estratégica do tema. "Há pouco temos um líder global de diversidade e inclusão e, seguir essa tendência no Brasil, um país entre os 10 mais importantes do negócio, reforça como estamos no caminho certo", diz Lopes.