ESG

Desvendando as implicações da TI Verde nas atividades de ESG corporativo

A TI Verde é uma abordagem que busca reduzir o impacto ambiental das atividades de tecnologia da informação e comunicação. Esta abordagem não só se preocupa com a eficiência energética dos sistemas de TI, mas também com seu papel na promoção das metas das empresas

Tecnologia da Informação Verde (TI Verde) surge como um caminho inevitável para o gestor (pcess609/Getty Images)

Tecnologia da Informação Verde (TI Verde) surge como um caminho inevitável para o gestor (pcess609/Getty Images)

Samuel Barros
Samuel Barros

Colunista

Publicado em 11 de junho de 2024 às 07h00.

A sustentabilidade não é apenas uma tendência, mas uma necessidade no contexto atual de mercado. Conforme as empresas buscam equilibrar o lucro com as responsabilidades socioambientais, a Tecnologia da Informação Verde (TI Verde) surge como um caminho inevitável para o gestor.

A TI Verde é uma abordagem que busca reduzir o impacto ambiental das atividades de tecnologia da informação e comunicação. Ela se alinha com os princípios de ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança), que enfatizam a sustentabilidade e a responsabilidade corporativa. Para as empresas, a TI Verde pode ser implementada por meio de várias práticas, como a otimização do uso de energia, o descarte responsável de equipamentos eletrônicos e a escolha de fornecedores que sigam políticas de sustentabilidade.

Esta abordagem não só se preocupa com a eficiência energética dos sistemas de TI, mas também com seu papel na promoção das metas de ESG das empresas. Assim, proponho uma reflexão sobre as implicações da TI Verde nesse contexto, principalmente em relação à formação de equipes profissionais, gestores e não gestores, mas também das preocupações ambientais e formas de agir.

Sabemos que a implementação de políticas e regras corporativas são desenvolvidas pelos times de gestão e aplicadas por todas as equipes. Assim, o foco em TI Verde e a conscientização de sua importância deve ser uma prioridade para os gestores, a fim de promover sua valorização e implementação eficaz. E para que os gestores tenham isso em mente, o melhor caminho é que esses profissionais estejam capacitados e preparados para entender as vantagens, as implicações, os ônus e os bônus que essas ações podem trazer para a empresas. No entanto, não basta apenas ter gestores preparados, equipes também precisam estar capacitadas.

Desta forma, uma das implicações mais significativas da TI Verde é sua influência na formação de equipes profissionais. À medida que as empresas adotam práticas sustentáveis, a demanda por profissionais especializados em TI Verde cresce. Esses profissionais não só possuem habilidades técnicas em desenvolvimento e gestão de sistemas de TI eficientes, mas também têm uma compreensão profunda das questões ambientais e sociais que estão presentes no mundo corporativo atual. A formação de equipes com esse perfil reflete um compromisso sério das empresas com os princípios de ESG, promovendo uma cultura organizacional voltada para a sustentabilidade em todas as áreas de atuação.

No entanto, vale observar que essas capacitações e as mudanças do comportamento corporativo acontecem de maneira estruturada e paulatina. Não se deve esperar que a mudança ocorra em um estalo, até porque, caso seja de maneira abrupta e rápida, existem riscos significativos de não serem incorporadas na cultura da empresa e serem extremamente onerosas financeiramente.

Dentre as implicações de TI Verde mais evidentes estão as repercussões nas preocupações ambientais da empresa. O ponto mais óbvio é o consumo de energia. Quanto maior a necessidade de processamento e tecnologia aplicada, maior a necessidade de energia para fazer tudo acontecer, o que pode gerar um aumento na pegada de carbono. Acrescenta-se a esse ponto o descarte inadequado de equipamentos e periféricos, que podem vir a poluir nascentes e solo com metais pesados e prejudicais à saúde humana, além de materiais como o plástico, que não são biodegradáveis.

Desta forma, a adoção de práticas de TI Verde tenta mitigar esses pontos negativos, por meio da otimização do uso de energia, da virtualização de servidores, do uso de fontes renováveis de energia e da implementação de políticas de reciclagem de equipamentos eletrônicos, práticas que tendem a reduzir a pegada de carbono e minimizar o impacto social.

Com isso em prática e na agenda dos gestores, as ações empresariais passam a ser mais sustentáveis. À medida que os gestores, investidores e acionistas se tornam mais conscientes do impacto ambiental e social de suas decisões de investimento, a integração de práticas de TI Verde se torna uma consideração essencial na busca de atrair capital e manter uma vantagem competitiva. Métricas de desempenho relacionadas à eficiência energética, redução de resíduos eletrônicos e transparência em TI, são alguns dos exemplos de modelos de ações sustentáveis em TI Verde cada vez mais valorizados pelos investidores.

Com implicações vastas e multifacetadas, as ações de TI Verde nas atividades e nas agendas ESG das empresas têm o poder de melhorar de forma significativa o futuro do planeta. Desde a formação de equipes e gestores até a preocupação com modelos sustentáveis de descarte, a TI verde tem papel fundamental na transformação do mercado, deixando-o mais sustentável e responsável. Conforme avançamos para um futuro socioambiental mais consciente, é essencial que os gestores, investidores e empresas reconheçam o potencial da TI Verde como um agente catalisador de um mundo mais verde e inclusivo. 

* Samuel Barros é Reitor do Ibmec Rio de Janeiro, Doutor em Administração, Especialista em Finanças, Comportamento e Tecnologia.

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