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Crise hídrica será tema de debate na Câmara dos Deputados

Evento busca encontrar uma saída para o problema dos reservatórios. Agências regulatórias e o Ministério de Minas e Energia foram convidados

Nível do reservatório está baixo na usina de Furnas, em Minas Gerais: governo já determinou a redução da vazão em algumas hidrelétricas (Paulo Whitaker/Reuters)
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Rodrigo Caetano

Publicado em 15 de junho de 2021 às 06h00.

Última atualização em 15 de junho de 2021 às 11h09.

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A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados realiza, nesta terça-feira, um debate sobre a crise hídrica brasileira. Estarão presentes representantes das duas agências que regulam o setor, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Agência Nacional de Águas (ANA), e do Ministério de Minas e Energia.

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O Brasil vive uma crise de abastecimento de energia em função da falta de chuvas. Para evitar um racionamento de energia, o governo já determinou a redução da vazão de água de duas hidrelétricas na Bacia do Paraná. Foram emitidos alertas de emergência hídrica para os cinco Estados banhados pelos rios da bacia: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.

A falta d’água deve aumentar o uso de termelétricas, que são mais caras que as hidrelétricas, aumentando o custo da energia para os consumidores.

"O Brasil vive a maior crise hidrológica da história e pode ter problemas com o fornecimento de eletricidade com efeitos deletérios para a sociedade e para a economia nacional", disse o deputado Christino Áureo (PP-RJ), um dos organizadores do evento.

Além dos representantes das agências e do MME, foram convidados o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Barral; o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Clezio Marcos de Nardin; e o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Madureira.

Crise hídrica mexe com o bolso do investidor

O Brasil se prepara para a maior crise hídricaem quase um século, com a escassez de chuvas no maior nível desde 1931. O fenômeno, junto com uma gestão ineficiente especialmente na prevenção de riscos, afeta o sistema nacional de energia, uma vez que usinas hidrelétricas ainda são a principal fonte de produção de energia no país.

De acordo com especialistas, ainda é cedo para falar em risco de apagão, mas os efeitos já são sentidos no bolso. Entra em vigor neste mês de junho, por exemplo, a bandeira vermelha 2 nas tarifas de energia do país, o que vai encarecer a conta de luz em 6,243 reais para cada 100kWh consumidos. É o patamar mais caro das bandeiras tarifárias.

Ainda que grandes empresas tenham poder de barganha para negociar o fornecimento de energia no chamado mercado livre, a conta vai ficar mais cara. A situação deve pressionar a margem de lucro das empresas, principalmente das indústrias. No entanto, nenhum setor deve se prejudicar – e se beneficiar – tanto com a crise hídrica do que o elétrico.

“O setor elétrico já vinha descontado no ano porque é tradicionalmente defensivo, então acaba sendo deixado de lado em momentos de retomada. Com a crise hídrica, o cenário se agrava porque muitas dessas empresas dependem da geração hidrelétrica”, afirma Gustavo Cruz, analista da RB Investimentos.

O Índice de Energia Elétrica (IEE), que mede o desempenho das empresas brasileiras do setor na B3, avançou apenas 0,93% em 2021, enquanto o Ibovespa , principal índice da bolsa, acumula alta de 6,05% no mesmo período.

Os efeitos já são sentidos na bolsa. Com as preocupações com a crise hídrica em alta, as ações do setor de energia estiveram entre as maiores quedas e as maiores altas do Ibovespa nesta segunda-feira, 31 de maio. Na ponta positiva, as ações da Eneva (ENEV3) dispararam 4%; na negativa, as da Equatorial (EQTL3) caíram 3%.

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