Corredor biológico marinho: uma alternativa para a preservação dos oceanos
Encontro com especialistas, que acontece a partir desta sexta-feira, na Costa Rica, vai discutir formas de preservar e garantir a sustentabilidade dos oceanos mesmo com o avanço das mudanças climáticas
Agência de notícias
Publicado em 6 de junho de 2024 às 18h51.
Última atualização em 6 de junho de 2024 às 19h36.
Cientistas, acadêmicos, dirigentes e ambientalistas debaterão entre sexta-feira, 7, e sábado, 8, na Costa Rica, medidas para a preservação e sustentabilidade dosoceanos diante das alterações climáticas e das ações humanas, um ano antes da conferência mundial sobre o tema que será realizada na França.
O país da América Central recebe o encontro Inmersed in change ("Imersos na mudança") ao coorganizar com a França a Terceira Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos (Unoc), marcada para junho de 2025, na cidade de Nice.
O chanceler da Costa Rica, Arnoldo André, explicou às vésperas do fórum preparatório que será “um espaço de troca de boas práticas e experiências de sucesso em questões relacionadas à saúde dos oceanos ”. Os participantes debaterão questões de governança, aquecimento global, pesca ebiodiversidade marinha que ajudam na tomada de decisões durante a conferência na França.
Diplomacia azul
Um dos principais eixos do Inmersed in chang e é continuar com a agenda política internacional para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ( ODS ) estabelecidos em 2015 pela ONU. O de número 14 trata da proteção do oceano.
Para isso, o primeiro passo é agregar integrantes ao Tratado deProteçãodo Alto-Mar assinado em 2023 por mais de 70 países, incluindo os dois anfitriões.
"A Costa Rica está trabalhando arduamente no objetivo de proteger 30% das superfícies terrestres e marinhas em 2030 e na ratificação pelo maior número possível de países-membros (da ONU) do novo tratado para a conservação e uso sustentável da biodiversidade de áreas internacionais", explicou André.
O alto-mar são águas internacionais que começam onde terminam as zonas econômicas exclusivas (ZEE) dos Estados, a cerca de 200 milhas náuticas (370 quilômetros) da costa. Atualmente, apenas cerca de 1% do alto-mar está sob medidas de conservação, e a principal ferramenta do tratado é a criação de áreas marinhas protegidas nestas águas.
“Se você quer chegar à França com o dever de casa feito, é neste fim de semana na Costa Rica que você deve passar das palavras para a ação”, disse à AFP a bióloga marinha Pilar Marcos, chefe de Oceanos do Greenpeace Internacional.
Um exemplo desta diplomacia internacional é o projeto assinado por Equador, Colômbia, Panamá e Costa Rica para criar um corredor biológico marinho no Oceano Pacífico, desde as Ilhas Galápagos, no Equador, até a Ilha do Coco, na Costa Rica. “Seria uma das maiores estratégias de conservação do mundo”, destacou a organização ambientalista WWF.
Adaptação à mudança climática
O evento em San José servirá também para comparar situações, ações e previsões.
“Existem sérios problemas associados à poluição marinha e daí surgem muitas fontes de poluição que prejudicam a saúde dos oceanos”, explicou Álvaro Morales, diretor do Centro de Pesquisa em Ciências Marinhas e Limnologia (Cimar) da Universidade de Costa Rica (UCR).
Dois terços da superfície terrestre são cobertos por água e os oceanos são a maior fonte de absorção de CO2 do planeta.
“Quando o oceano não está com boa saúde, começam a ocorrer manifestações na sua produtividade biológica, na capacidade dos organismos de se adaptarem às mudanças climáticas”, comentou Morales.
Encontrar soluções para recuperar, sustentar e manter a saúde dos oceanos é o objetivo do “Imersos na mudança” antes da conferência global. “Se não, não chegaremos a tempo de proteger pelo menos 30% dos oceanos do mundo até 2030”, alertou o Greenpeace.