Mudanças climáticas: estudo aponta nível de confiança dos brasileiros em ONGs, empresas e governos
Relatório Especial do Edelman Trust Barometer 2022 mostra como o brasileiros percebem as ações contra os efeitos nocivos das mudanças climáticas; veja os dados
Marina Filippe
Publicado em 8 de fevereiro de 2023 às 11h21.
Dados brasileiros do Relatório Especial do Edelman Trust Barometer 2022: Confiança e as Mudanças Climáticas destacam a preocupação com as ações contra os efeitos nocivos das mudanças climáticas. Na publicação, 79% acreditam que as ações precisam ser aceleradas; e 63% que pouco ou nenhum progresso já foi feito.
Nesse contexto, as ONGs (65%) são a única instituição em que os brasileiros confiam para atuar corretamente. Empresas (48%) e Governo (49%) não têm a confiança dos brasileiros e a Mídia (52%) aparece no patamar de neutralidade. O estudo foi desenvolvido pelo Edelman Trust Institute por meio de uma pesquisa online, entre 16 de setembro e 3 de outubro de 2022, com 14 mil respondentes em 14 países.
“Existe um espaço importante para as empresas atuarem e liderarem ações de combate às mudanças climáticas, mas é fundamental que atuem em parceria com as demais instituições”, comenta Ana Julião, gerente geral da Edelman Brasil. No país, 65% confiam que Empresas farão o que é certo em geral, mas essa confiança cai 17 pontos, ficando no patamar de 48% quando a pergunta é específica sobre o enfrentamento das mudanças climáticas.
No Brasil, 62% concordam que os governantes não estão dispostos a aprovar legislações rígidas para forçar empresas e pessoas a fazerem mudanças relacionadas ao clima e apenas 39% acreditam que o Brasil está fazendo a sua parte no combate às mudanças climáticas. Se comparado aos outros 13 países pesquisados, o Brasil ficaria em 11º lugar nesse ranking de confiança.
A percepção de responsabilidade individual também é baixa. No Brasil, 39% acreditam que “há limites para o que empresas e governos podem fazer para combater as mudanças climáticas e, por isso, as pessoas também vão precisar mudar seus hábitos drasticamente”. Globalmente, o número chega a 66%.
A 84% dos entrevistados no Brasil acredita que “há uma distância entre meu estilo de vida atual e como eu gostaria que ele tivesse menos impacto no clima”. Entre as barreiras para a adoção de estilos de vida mais sustentáveis estão fatores como custo, informação e falta de apoio institucional.
“É essencial que as empresas reconheçam não apenas a necessidade de agir para reduzir o impacto climático, mas também de educar e fornecer informações confiáveis sobre como os indivíduos podem reduzir seu próprio impacto e inspirar com soluções tangíveis”, diz Ana.
Entre os brasileiros, 62% consideram muito difícil encontrar informações confiáveis sobre mudanças climáticas e 47% acham quase impossível encontrar informações sobre o tema que possam entender facilmente.
Outros indicadores do estudo
- 64% dos brasileiros acreditam que “aqueles com menos educação, dinheiro e recursos estão sendo injustamente onerados com a maior parte do sofrimento, do risco e da necessidade de se sacrificar devido às mudanças climáticas”.
- 63% acreditam que “as políticas climáticas neste país são motivadas pela política, independentemente do que a ciência afirme”.
- 10 das 13 indústrias não são consideradas confiáveis para combater a crise climática: Carvão (32%), Bancos (38%), Óleo e gás (39%), Moda (42%), Fast food (42%), Automotivo (45 %), Transporte (45%), Varejo (48%), Companhias elétricas (55%) e Alimentos e bebidas (55%). Os únicos setores confiáveis são Agricultura (65%), Tecnologia (73%) e Energia Renovável (84%).
- Brasileiros esperam mais das empresas: 57% acreditam que não há cobertura suficiente sobre soluções para mudanças climáticas na mídia; 69% acreditam que as empresas devem parar de anunciar produtos ou incentivar atividades prejudiciais ao meio ambiente; e 71% acreditam que os produtos devem ter um rótulo ou um QR code para permitir que as pessoas vejam facilmente seu impacto ambiental, avaliado por uma agência independente.
- Desafios para a mobilização individual: No Brasil, 26% dos entrevistados não estão dispostos a pagar mais por produtos que tenham pouco ou nenhum impacto nas mudanças climáticas. Entre aqueles que dizem que “há uma distância entre meu estilo de vida atual e como eu gostaria que ele tivesse menos impacto no clima”, as barreiras que desempenham um papel médio a muito grande são: as opções com menos impacto climático custam mais do que estou disposto a pagar (79%); opções com menos impacto não estão prontamente disponíveis onde eu moro (78%); Não tenho certeza de que opções têm menos impacto para o clima (78%); Não consigo arcar com um estilo de vida mais ecológico (76%); Falta apoio institucional – exige muito esforço (76%)
- Porta-vozes de confiança são essenciais para as questões climáticas: Cientistas e especialistas em clima (83%), “uma pessoa como eu” (75%) e diretores de ONGs (63%) têm a confiança dos brasileiros para falar a verdade sobre as mudanças climáticas. Autoridades ambientais nacionais (59%), ativistas/defensores climáticos (57%), jornalistas (49%), meu CEO (48%), CEOs (37%) e líderes governamentais (33%) não são confiáveis.