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Como o lítio pode contribuir para o meio ambiente e o desenvolvimento brasileiro

Região mais pobre e menos desenvolvida de Minas Gerais tem grande expectativa com possibilidade de mineração do elemento

Os recursos minerais do Vale do Jequitinhonha podem ser extraídos de duas formas: lavra subterrânea e lavra a céu aberto. (zambezi/envato)

Os recursos minerais do Vale do Jequitinhonha podem ser extraídos de duas formas: lavra subterrânea e lavra a céu aberto. (zambezi/envato)

Wilson Brumer
Wilson Brumer

Colunista

Publicado em 16 de dezembro de 2024 às 16h00.

A perspectiva de crescimento expressivo do mercado de lítio pode alavancar a indústria do mineral no Brasil, proporcionando ao país o posto de segundo maior produtor de concentrado de espodumênio (uma das principais fontes de lítio) do mundo e gerando desenvolvimento e benefícios socioeconômicos para várias regiões do país, dentre as quais o Vale do Jequitinhonha, uma das áreas mais pobres e menos desenvolvida de Minas Gerais.

Nessa região, as comunidades de Araçuaí, Itinga e Divisa Alegre contam com protagonismo da Companhia Brasileira de Lítio (CBL) desde seu início para melhorias em questões de saúde e educação, principalmente na criação de milhares de empregos e na geração de impostos, tributos e royalties que entrarão direta e indiretamente nos caixas municipais.

Mirando no exemplo desta empresa, há grande expectativa quanto à multiplicação do apoio social que os novos projetos trarão.

Nos municípios que contarão com operações de lítio, é possível que o IDH atinja, pela primeira vez na história, a média do estado de Minas Gerais. Porém, há um contraponto na percepção das comunidades quanto aos benefícios da mineração de lítio: a preocupação quanto ao impacto ambiental.

Ainda assim, as operações de lítio podem ser muito corretas ambientalmente, atuar sem barragens, não gerar resíduos e efluentes sem tratamento e recircular mais de 90% da água utilizada. E este padrão dedicado a questões ambientais será cobrado pela comunidade aos novos players.

Os recursos minerais do Vale do Jequitinhonha podem ser extraídos de duas formas: lavra subterrânea e lavra a céu aberto. Apesar da lavra subterrânea gerar um impacto muito menor do que a lavra a céu aberto, na região há a operação dos dois sistemas.

Verticalização da cadeia do lítio no Brasil

A nova produção de lítio no Vale do Jequitinhonha a princípio tende a não se verticalizar. Todos os novos players, incluindo a já operacional Sigma, se limitarão a operações de mineração e produção de concentrado de espodumênio para exportação. Este material tem como único destino possível plantas químicas que o convertem em carbonato de lítio e hidróxido de lítio, que são compostos químicos de alta pureza usados efetivamente nas aplicações de lítio.

No caso da CBL, parte relevante da produção de espodumênio é destinada à sua própria planta química, também localizada no Vale do Jequitinhonha, onde é convertida em carbonato de lítio e hidróxido de lítio.

Entretanto, esse mercado no Brasil ainda é muito pequeno, com aproximadamente 800 t/ano de carbonato de lítio equivalente (LCE). Não há produção de células de baterias de ion-lítio no Brasil, e por isso o país não produz baterias, apenas faz a montagem com células importadas.

Acredita-se que para atrair produção de células no Brasil teria que haver produção relevante de veículos elétricos, iniciando-se por exemplo com a BYD na planta de Camaçari recém adquirida.

A produção de células no Brasil certamente poderia atrair investimentos na verticalização da cadeia desde a mineração. Em todos os países com indústria do lítio já consolidada ou em processo de implantação, há políticas públicas incentivando o mercado de baterias de ion-lítio através de subsídios ou regulações estimulando a demanda. O Brasil, porém, é o único grande país no mundo sem qualquer política pública a respeito.

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