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Irani, do segmento de papel e celulose para embalagens, é a primeira do segmento entre as listadas no Novo Mercado da B3 (LIA LUBAMBO/Exame)
Os critérios adotados por investidores estão cada vez mais rigorosos e, ao elevar a barra, poucas empresas têm posição de destaque nas recomendações em ESG - sigla para os critérios ambientais, sociais e de governança - no mercado brasileiro.
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A Irani Papel e Embalagem realizou o feito. Na última semana, a empresa anunciou ter concluído a migração para o Novo Mercado, grupo restrito de empresas listadas na bolsa brasileira (B3) que são bons exemplos de governança corporativa. Com a migração, a Irani se tornou a primeira companhia de embalagem focada em papel ondulado a entrar no Novo Mercado. No setor de papel e celulose, a marca já havia sido alcançada pela Suzano.
O novo passo exigiu algumas mudanças na estrutura da empresa, que já é listada em bolsa desde 1977. Em julho, a Irani começou um processo de follow-on que resultou na captação de 405 milhões de reais. O processo se resume à venda de ofertas públicas de ações ordinárias com direito a voto (ON) entre os acionistas, modalidade exigida para as empresas no Novo Mercado. “Apesar de já termos essa postura, foi com o follow-on que nos comprometemos com os investidores. Dissemos que migraríamos para o Novo Mercado em seis meses, e o fizemos em apenas quatro”, afirma o presidente da Irani, Sérgio Ribas.
A primeira ação para atender às exigências de transparência e fiscalização, segundo Ribas, foi a criação de um comitê de Auditoria, responsável por ampliar as discussões de compliance dentro da companhia. A B3 considera o comitê de auditoria como requisito básico para a entrada no Novo Mercado.
Atualmente existem pouco mais de 400 companhias listadas na B3, e destas, apenas 165 estão no Novo Mercado. “Esse é um processo de profissionalização da empresa, e consequentemente de melhorias para nós”, diz.
O passo seguinte, segundo Ribas, foi a criação de dois comitês especiais voltados à estratégia sustentável e gestão de pessoas. “O Comitê de estratégia tem um papel de interlocução entre as expectativas dos acionistas e os planos reais da Irani”, diz. “Desse modo, podemos ter uma visão de futuro e atender ao que tem sido pedido pelo mercado e seguir o que é correto em termos de políticas de sucessão, entre outros pontos fundamentais”.
Com a venda das ações, a Irani desenvolveu um plano de expansão batizado de “Plataforma Gaia”. Ao todo, serão cinco projetos na fase 1 voltados à melhoria da eficiência energética e capacidade de produção das fábricas que devem acontecer até 2023 e que juntos somam 743 milhões de reais.
O primeiro foca na expansão da área de recuperação de químicos nas unidades de fabricação de papel. Com o investimento, a previsão é de que a produção de celulose seja 29% maior e a geração de energia aumente em 56%.
Para o segundo projeto, a Irani quer ampliar a capacidade de produção em 50% e levar equipamentos de última geração para a unidade de fabricação de embalagens de papelão ondulado em Santa Catarina. Já para o terceiro projeto, está prevista a atualização tecnológica em uma máquina de papel, aumentando sua capacidade de produção em 30%. Hoje, a máquina produz papel Kraft, matéria-prima usada em sacolas e vendida em larga escala para empresas.
“Acreditamos que esse investimento está ligado a uma importante tendência: a busca por alternativas para substituição do plástico e por produtos menos agressivos ao meio ambiente”, diz Ribas.
Já para o quarto e quinto projeto, a Irani se volta à ampliação da geração de energia de duas usinas hidrelétricas, também em Santa Catarina, aumentando a capacidade de produção em 10% e 33%. A empresa prevê ainda uma segunda fase, que vai consistir na expansão da planta de Minas Gerais. Juntas, as duas fases irão mobilizar 1,2 bilhão de reais.
A Irani também opera no mercado de créditos de carbono e se orgulha da produção sustentável baseada na produção de papel e celulose vinda de florestas próprias. Com projetos de economia circular, a empresa também afirma que hoje trata seus resíduos com responsabilidade e impacto mínimo ao meio ambiente, além de ser neutra em carbono, ou seja, compensa mais do que emite o componente.
Entre janeiro e setembro deste ano, a Irani teve uma receita 10,9% superior em comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando 738 milhões de reais. Neste momento, o comitê de estratégia está elaborando o planejamento que irá basear as ações da empresa no período de 2021 a 2030. “O objetivo é sempre olhar para a próxima década, considerando oportunidades de negócios, principais tendências e buscar o alinhamento entre os desejos dos acionistas e as entregas da empresa”, diz Ribas.
A Irani aposta na mudança dos padrões de consumo como o motor do desenvolvimento da empresa na próxima década, encabeçada pela expansão do comércio online, delivery e demanda por produtos de higiene e limpeza. “Diferente de uma onda de sustentabilidade que vimos há 15 anos, dessa vez a segunda onda parte do consumidor final, que passa a exigir produtos mais sustentáveis, e as embalagens de papel passam a ser as melhores opções nesse contexto”, diz.
Tornar-se autossustentável também é uma missão da Irani para o futuro: 47% da energia da empresa hoje é comprada pelo mercado, e o objetivo é passar a produzir 100% disso ainda nos próximos anos. A entrada no Novo Mercado, segundo Ribas, abre espaço para o financiamento de novos ciclos de expansão que terão como objetivo atingirtodas essas metas.