ESG

Patrocínio:

espro_fa64bd

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Como entender e fazer projeções de curtailment renovável no Brasil?

O uso de ferramentas computacionais sofisticadas para prever o montante do fenômeno no futuro é cada vez mais crucial para analisar a rentabilidade de projetos renováveis no país

 Energia solar e eólica: avanço pressiona a rede e gera cortes de geração. (pvproduction/Freepik)

Energia solar e eólica: avanço pressiona a rede e gera cortes de geração. (pvproduction/Freepik)

Publicado em 29 de julho de 2025 às 14h30.

O avanço das fontes eólica e solar transformou o setor elétrico do Brasil. A queda nos custos de investimento, aliada a incentivos regulatórios, levou a um crescimento recorde dessas fontes: só em 2024, foram adicionados cerca de 20, 8 gigawatts (GW), considerando tanto usinas de grande porte quanto a micro e minigeração distribuída (MMGD). Desse total, cerca de 95% correspondem a fontes eólicas e solares.

No entanto, esse crescimento acelerado não foi acompanhado pela expansão da rede de transmissão e da demanda na mesma velocidade, gerando um efeito colateral cada vez mais presente: o corte de geração ou curtailment. O termo se refere ao corte deliberado da geração de energia renovável, mesmo quando há sol ou vento disponível.

Mas por que isso acontece?

As causas se dividem em três grupos. A primeira é o desequilíbrio entre oferta e demanda, quando há energia demais e consumo de menos — excesso de geração – algo mais comum em fins de semana ou feriados. A segunda está na infraestrutura: se a rede está congestionada e não consegue escoar toda a energia, parte da geração precisa ser interrompida. A terceira envolve problemas externos, como falhas em componentes do sistema de transmissão fora da usina, que impedem o despacho de sua energia.

A figura abaixo apresenta o histórico de curtailment. Como se pode ver, o impacto é relevante. Em setembro de 2024, o curtailment chegou a representar mais de 15% da energia solar e eólica que poderia ter sido gerada no Nordeste no mês.

Como prever quantitativamente o curtailment?

Antecipar esses cortes é essencial para quem planeja investir ou já investe em energia renovável. Para isso, a PSR desenvolveu uma metodologia composta por três etapas principais.

Tudo começa pela definição de premissas, como crescimento da demanda, entrada e saída de usinas, expansão da rede e perfis de geração solar e eólica. Em seguida, uma base de dados eletroenergética é construída, integrando os dados de geração e transmissão do sistema elétrico brasileiro inteiro.

Por fim, a simulação do despacho do sistema é feita com o modelo SDDP, que considera, através de diferentes cenários futuros, a incerteza na disponibilidade de sol, vento e água e realiza projeções horárias de geração, curtailment e preços para os próximos anos e décadas à frente. Por exemplo, a projeção realizada para um grupo de usinas solares no Sudeste indica que, em média, o corte pode chegar a 6% da energia que elas poderiam gerar. Mas, em alguns cenários, pode se aproximar de 10%. A análise horária também mostra que os cortes acontecem, principalmente, durante o dia (quando há mais sol) e nos fins de semana (quando a demanda é menor).

As ferramentas desenvolvidas pela PSR se destacam por possibilitar:

  • Simulações estocásticas, que consideram diferentes cenários de incerteza;
  • Granularidade horária, essencial para entender o comportamento intradiário;
  • Representação detalhada da rede elétrica, identificando gargalos reais;
  • Integração com o modelo de expansão OPTGEN, permitindo análises de longo prazo (por exemplo até 2050);
  • Automação no processamento de dados, reduzindo erros e acelerando estudos.

Com essas capacidades, é possível transformar incerteza em clareza e tomar decisões melhores para uma transição energética eficiente e sustentável.

Acompanhe tudo sobre:PSR Energia em focohub-especial

Mais de ESG

Empresa gaúcha inicia projeto pioneiro de hidrogênio verde no Brasil

Projeto da USP leva saúde e pesquisas para comunidades na Ilha de Marajó

Seu setor está em risco? Site mostra impacto do clima na economia brasileira

Na corrida da IA, empresas aceleram para transformar Brasil em hub de data centers verdes