ESG

Como as cidades devem se preparar para reduzir impactos das cheias?

Propostas vão desde soluções baseadas na natureza até obras de engenharia e devem ser estudadas caso a caso

A adaptação aos eventos climáticos extremos deve levar em conta, caso a caso, as alternativas viáveis, compatíveis com a urgência dos resultados pretendidos. (Anselmo Cunha/AFP)

A adaptação aos eventos climáticos extremos deve levar em conta, caso a caso, as alternativas viáveis, compatíveis com a urgência dos resultados pretendidos. (Anselmo Cunha/AFP)

Publicado em 2 de julho de 2024 às 10h08.

Em regiões mais sensíveis ao impacto de cheias excepcionais, o reflorestamento é uma solução óbvia para aumentar a infiltração das águas no solo e favorecer a recomposição de habitats naturais. No entanto, em casos de chuvas intensas e prolongadas, como as da região serrana do Rio de Janeiro em 2011, e a depender do grau de saturação do solo e da declividade das encostas, a vegetação pode não ser suficiente para evitar deslizamentos.

Os projetos urbanísticos de cidades-esponja, implantados na China desde 2014, baseiam-se no princípio de que a natureza pode regular a água. Ao substituir superfícies de concreto por outras com materiais naturais permeáveis dentro do ambiente urbano, esses projetos colaboram com o amortecimento das cheias. No final da década de 1920, o governo americano utilizou o mesmo conceito na bacia do rio Mississipi, ao disponibilizar áreas agricultáveis de baixo valor (floodways) para serem inundadas durante eventos excepcionais.

Por outro lado, há cerca de 10 anos, optou-se no Rio de Janeiro por intervenções estruturais, implantando-se piscinões sob praças no bairro da Tijuca, para reduzir os efeitos das cheias do rio Maracanã. Esse tipo de obra de engenharia, assim como os túneis extravasores de Petrópolis, se mostra adequado quando se dispõe de pouco espaço físico para áreas temporárias de inundação.

Uma alternativa para áreas urbanas situadas em cotas mais baixas que as das cheias regulares dos rios, como no caso de Porto Alegre, em torno da Lagoa dos Patos, é a construção de diques marginais e a instalação de sistemas de bombeamento. Contudo, sem manutenção frequente e sem monitoramento da capacidade de escoamento na foz, a solução tende a ser insuficiente, sobretudo se utilizada de maneira isolada.

Nas partes mais altas das bacias, distantes dos centros urbanos, também podem ser construídas barragens de controle de cheias que disponham de reservatórios com volumes de espera para conter as águas. Essa alternativa exige, porém, o planejamento e a fiscalização da ocupação na área do reservatório, que passaria a maior parte do tempo vazia.

Não existe, portanto, uma solução única para minimizar os impactos das cheias. A adaptação aos eventos climáticos extremos deve levar em conta, caso a caso, as alternativas viáveis, compatíveis com a urgência dos resultados pretendidos, conforme as características socioambientais de cada cidade e da bacia hidrográfica em que está localizada.

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