ESG

Apoio:

logo_unipar_500x313
logo_espro_500x313
Logo Lwart

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Com economia circular e impacto social, rede de brechós Peça Rara quer faturar R$300 mi em 2024

Rede de franquias dobrou o faturamento em 2023 e pretende repetir o feito neste ano. Otimismo se dá pelo modelo de negócio e interesse dos consumidores em roupas de segunda mão

Loja do brechó Peça Rara (Peça Rara/Divulgação)

Loja do brechó Peça Rara (Peça Rara/Divulgação)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 21 de março de 2024 às 06h04.

Última atualização em 21 de março de 2024 às 09h59.

Aos 19 anos, Bruna Vasconi começou a vender roupas e acessórios entre uma aula e outra na faculdade de psicologia da Universidade Católica de Brasília. Ela não imaginava que, sete anos depois, estaria no comando de um negócio de impacto social e economia circular com faturamento de 150 milhões de reais. "Abri minha primeira loja por necessidade", diz a fundadora da rede de brechós Peça Rara. "Eu estava com dois filhos e inspirada por uma reportagem sobre um brechó de roupas infantis comecei o meu negócio. De lá para cá, muita coisa mudou e a economia circular na moda passou a ser mais valoriza pelos brasileiros". Em 2023, 250.000 pessoas deixaram roupas nas lojas da empresa, e 2,7 milhões de peças foram vendidas.

O modelo de negócio deu tão certo que a Peça Rara conta com 160 lojas e tem a expectativa de abrir de 10 a 12 unidades por mês neste ano, gerando a possibilidade de dobrar a receita. "O plano de expansão é audacioso, em busca de termos 300 lojas até o fim do ano. Destas, sete são próprias e as demais são franquias".

O crescimento acelerado se dá especialmente desde dezembro de 2019, quando a primeira franquia foi inaugurada. Já em fevereiro de 2020, dias antes do início da pandemia da covid-19 no Brasil, uma pessoa do grupo SMZTO – que investe em franquias como de alimentação Oak Berry -- ligou para Bruna com a intenção de investir em um negócio de economia circular.

“Fechamos o negócio no ano seguinte, fizemos uma imersão em Brasília e, desde então, aceleramos o crescimento”, diz. Entre os sócios também está a atriz Deborah Secco. Para Bruna o crescimento ocorre por dois motivos: “cada vez mais temos pessoas interessadas em investir em economia circular e temos uma rede de franqueados que, depois da primeira unidade, vê vantagens em inaugurar outras lojas". A sustentabilidade, inclusive, é pauta no curso para novos franqueados. Neste ano, a frente social também entra na agenda para que todos os funcionários – cerca de 8 a 15 por loja – estejam prontos para comunicar o tema.

A mudança no comportamento do consumidor também é essencial para a estruturação do negócio. “É impressionante como os consumidores estão cada vez mais motivados em promover a economia circular. Há dez anos víamos pessoas se recusando a comprar as peças usadas”, diz. Atualmente, 30% das pessoas que fornecem peças também compram na loja e a Peça Rara tem o objetivo de aumentar a o percentual para 50%.

A maior parte do público é feminino, com idade entre 25 e 45 anos, que gastam em média 60 reais. “Temos pessoas que comprar pela economia, mas grande parte delas percebem o valor de achar um artigo único de moda ou decoração”.

Negócio de impacto

Logo após o surgimento do brechó Peça Rara, Bruna percebeu que era possível contribuir com organizações e pessoas em situação de vulnerabilidade social. “Comecei a ficar angustiada com o fato de que muitas pessoas estão deixando de doar peças para vender, e precisava me movimentar em relação a isso”.

Ao invés de devolver as peças que estavam consignadas, Bruna as colocou em bazares sociais, com preço simbólico de 10 a 50 reais. Os valores arrecadados passaram a ser destinados para ONGs. “Na primeira vez em que fui doar um caminhão lotado de roupas, percebi que a ONG precisava de dinheiro para pagar a conta de luz e cuidar das crianças. Ali entendi que o bazar seria mais eficiente e lancei, dois anos após o brechó, o Instituto Eu sou Peça Rara”.

No ano passado, 120.000 peças foram doadas para os bazares, o que gerou uma renda de 600.000 reais destinados para ações como a construção de uma creche em uma cidade satélite da capital federal. Atualmente, a uma sede do instituto em Brasília e a previsão da inauguração de outra unidade em São Paulo, no fim de março. “Estamos nestas cidades porque é onde temos um grande número de lojas, o que auxilia no volume de doação das peças”. Ao todo, são 16 lojas em Brasília e 20 em São Paulo.

Impacto ambiental

A indústria da moda é uma das mais poluidoras do planeta - responde por 4% das emissões globais de gases de efeito estufa e gasta 93 bilhões de metros cúbicos de água por ano, segundo o relatório Fashion on Climate, da Global Fashion Agenda. E, menos de 1% das roupas fabricadas no mundo são recicladas e 12% dos resíduos têxteis são transformados em peças de valor menor.

Já ao considerar a produção de 100 bilhões de itens por ano, se não forem doados ou ressignificados, 87% serão enviados a aterros sanitários, de acordo com a Fundação Ellen MacArthur. Na contramão, em 2023, a Peça Rara comercializou 2,7 milhões de peças de vestuário, o que gera uma economia de 6,75 bilhões de litros de água que seriam utilizados para a produção de novas peças de roupa, considerando os litros utilizados, em média, nos processos de fabricação. A mesma conta foi feita em relação à energia: são aproximadamente 54 milhões de quilowatt-hora (kWh) de energia que deixaram de ser gerados na produção de peças.

Acompanhe tudo sobre:ModaEconomia CircularFranquias

Mais de ESG

Proteína de algas marinhas pode potencializar antibióticos e reduzir dose em 95%, aponta estudo

Como distritos de Mariana foram reconstruídos para serem autossustentáveis

'Rodovia elétrica' entre Etiópia e Quênia reduz apagões e impulsiona energia renovável na África

Ascensão de pessoas com deficiência na carreira ainda é desafio, diz estudo