ESG

CCR quer neutralizar emissões de carbono até 2035 e antecipa transição para energia renovável

Empresa de infraestrutura para mobilidade passa a utilizar apenas fontes renováveis de energia este ano, e economia na conta financiará plano de descarbonização

Rodoanel, em São Paulo: imprevisibilidade climática gera dificuldades para planejar obras de manutenção e encarece os trabalhos (FERNANDO MO/Getty Images)

Rodoanel, em São Paulo: imprevisibilidade climática gera dificuldades para planejar obras de manutenção e encarece os trabalhos (FERNANDO MO/Getty Images)

Rodrigo Caetano
Rodrigo Caetano

Editor ESG

Publicado em 14 de junho de 2024 às 10h00.

A CCR, empresa de infraestrutura para mobilidade, anunciou a meta de alcançar a neutralidade em emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2035, para os escopos 1 e 2 – relacionados às atividades internas da companhia. No que diz respeito ao escopo 3, a empresa já está comprometida em reduzir as emissões em 27% até 2033. O anúncio representa uma atualização do plano de descarbonização da CCR, lançado no ano de 2021.

Para atingir o objetivo, a companhia decidiu antecipar a meta de utilizar exclusivamente fontes de energia renováveis, que originalmente estava programada para 2025, para o final deste ano. A diretora de sustentabilidade, inovação e responsabilidade social do Grupo CCR, Renata Ruggiero, afirmou que as ações necessárias para alcançar a neutralidade serão financiadas pelos ganhos de eficiência provenientes das medidas de descarbonização, como a economia nos custos de energia obtida com a migração para uma matriz elétrica renovável.

Segundo a executiva, entre 0,2% e 0,3% do Ebitda (lucro antes de juros, impostos e amortizações) será investido no plano de descarbonização, sendo que esses valores deverão ser integralmente cobertos pelos ganhos de eficiência. A CCR construiu sete usinas de geração solar, com um investimento de 30 milhões de reais, como parte da transição para uma matriz energética totalmente renovável. Além disso, a empresa migrou para o mercado livre de energia, possibilitando a compra de fornecedores que utilizam fontes renováveis.

Frota a biocombustível

Renata Ruggiero, diretora de sustentabilidade da CCR: empresas estão percebendo o valor estratégico da colaboração (CCR/Divulgação)

A transição energética da companhia também inclui a meta de migrar toda a frota de veículos leves para biocombustíveis até o ano de 2025. Ruggiero destaca que há estudos em andamento sobre a eletrificação da frota, inclusive de pesados. Porém, a expectativa é chegar a um modelo híbrido, com veículos elétricos e a biocombustíveis, por conta da disponibilidade dessas fontes alternativas, em especial o etanol, no Brasil.

O plano de descarbonização da CCR foi aprovado pelo conselho em 2022 e as metas foram posteriormente aprovadas junto ao Science Based Target Initiative (SBTi) em 2023. O SBTi é uma entidade internacional que certifica que os planos de descarbonização das empresas estão alinhados com modelos científicos.

A CCR demonstra preocupação com as mudanças climáticas há aproximadamente uma década, afirma Ruggiero, sendo que nos últimos anos os eventos climáticos extremos têm se intensificado, trazendo desafios adicionais para o grupo. A empresa opera três aeroportos no Rio Grande do Sul, estado que foi severamente afetado por enchentes recentemente, nas cidades de Bagé, Pelotas e Uruguaiana.

No setor de rodovias, a CCR é responsável por 11 concessões que totalizam mais de 3.500 quilômetros de asfalto em 5 estados. A imprevisibilidade climática gera dificuldades no planejamento de obras de manutenção, o que acaba encarecendo os trabalhos. Em resposta a possíveis prejuízos, a companhia está desenvolvendo um plano de resiliência climática para todas as suas operações, visando identificar os riscos e mitigá-los, trabalhando em conjunto com o poder público.

Para aumentar a preparação contra eventuais impactos, a CCR instalou pluviômetros nas estradas para emitir alertas quando o volume de água ultrapassa o esperado, compartilhando essas informações com as autoridades locais.

Renata Ruggiero enfatiza a importância da colaboração não apenas entre empresas e governo, mas também entre os diversos atores do setor privado, mesmo que sejam concorrentes. “O setor privado é pautado pela competição, mas as empresas passaram a compreender melhor o aspecto estratégico da cooperação”, diz a executiva.

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