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(PABLO PORCIUNCULA/AFP/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 23 de junho de 2021 às 16h00.
Última atualização em 23 de junho de 2021 às 18h23.
Por Agnieszka de Sousa, da Bloomberg
Uma startup israelense quer substituir galinheiros, celeiros e abatedouros por biorreatores para produzir carne à base de células para comensais nos Estados Unidos.
A Future Meat Technologies está em negociações com reguladores dos Estados Unidos para começar a oferecer seus produtos em restaurantes até o final do próximo ano. A empresa acaba de inaugurar o que chama de primeira instalação industrial de carne celular do mundo, que será capaz de produzir 500 quilos por dia.
“Desde o início, nosso principal foco foi aumentar a escala e reduzir custos para ter um produto comercialmente viável”, disse o CEO Rom Kshuk em entrevista.
O setor de carne cultivada, que produz proteínas como carne bovina e de frango por meio do cultivo de células em vez do abate de animais, agora abrange mais de 75 empresas. Com fábricas piloto agora trazendo a tecnologia dos laboratórios, a Eat Just se tornou a primeira empresa a vender frango cultivado a partir de células em um restaurante em Singapura.
Desde os primeiros protótipos, startups conseguiram cortar custos em 99% e, se os consumidores aceitarem esses produtos, o mercado pode chegar a 25 bilhões de dólares em 2030, disse a McKinsey & Co. em relatório na semana passada. Mas, para competir com a carne convencional, os custos precisam ser reduzidos ainda mais.
A Future Meat Technologies, que levantou 43 milhões de dólares com investidores como Tyson Foods, Archer-Daniels-Midland e S2G Ventures, diz que tem o menor preço para o peito de frango de carne cultivada. A empresa conseguiu cortar o custo para 4 dólares por 100 gramas, uma fração do preço original, e planeja reduzir o custo pela metade novamente até o final de 2022, disse Kshuk.
As instalações da empresa, localizadas na cidade israelense de Rehovot, podem produzir carne cultivada de frango, suíno e cordeiro, e a produção de carne bovina deve ocorrer em breve.
Ainda assim, a unidade é pequena em comparação com algumas processadoras de carne convencionais, algumas das quais abatem milhares de animais por dia. O Good Food Institute disse que a produção de carne cultivada precisará somar milhões de toneladas por ano para evoluir da demonstração para a fase industrial.
A Future Meat tem como aumentar a escala das linhas de produção e replicar a instalação em outro lugar, disse Kshuk. A empresa tem como foco o mercado americano — que tem uma das maiores taxas de consumo de carne do mundo — antes de se expandir para a Europa e China. A empresa ainda não decidiu que tipo de carne vai começar a oferecer.
Outras empresas, como BlueNalu, Upside Foods e Eat Just, manifestaram a intenção de vender produtos à base células nos Estados Unidos. Como essas rivais, a Future Meat precisa obter a aprovação do Departamento de Agricultura americano e da agência FDA, que regula alimentos e fármacos, antes de oferecer seus produtos ao mercado. Kshuk está otimista, embora atingir a paridade de preços com a carne convencional provavelmente leve alguns anos.
“Visamos reduzir o custo mais, mais e mais”, disse o CEO. “O objetivo não é ter um produto premium. Na verdade, trata-se de encontrar uma forma alternativa de produzir carne.”
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