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Cabo de "energia verde" de 623 km conecta Alemanha e Noruega

O cabo de energia submarino inaugurado é um dos mais longos do mundo e representa uma promessa de energia menos poluente para a Alemanha

Angela Merkel, chanceler da Alemanha. (ANNEGRET HILSE/POOL/AFP/Getty Images)

Angela Merkel, chanceler da Alemanha. (ANNEGRET HILSE/POOL/AFP/Getty Images)

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AFP

Publicado em 27 de maio de 2021 às 12h50.

Alemanha e Noruega inauguraram, nesta quinta-feira (27), um cabo submarino que liga suas redes elétricas para reforçar o abastecimento dos dois países em eletricidade "verde" e organizar a transição energética à escala europeia.

O Mar do Norte separa o município alemão de Wilster, perto da foz do Elba, da cidade de Tonstad, no sul da Noruega.

Entre as duas margens passa o Nordlink, um dos cabos de energia submarinos mais longos do mundo, que representa uma promessa de energia menos poluente para a principal potência econômica europeia.

A linha de 623 quilômetros, dos quais 516 sob o mar, representa "um progresso realmente importante (...) em direção a um fornecimento de energia durável", comentou a chanceler alemã, Angela Merkel.

"Graças a essa troca, agora podemos fazer melhor uso da nossa infraestrutura elétrica", disse a primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, na cerimônia virtual de inauguração.

O projeto "é um passo importante para o setor de energia alemão e a integração do sistema elétrico europeu", disse à AFP Thorsten Lenck, do think tank Agora Energiewende, que estuda a transição energética alemã.

Energias renováveis

As energias renováveis foram responsáveis por metade da produção de eletricidade da Alemanha pela primeira vez em 2020, contra 25% há menos de dez anos, de acordo com o instituto de pesquisa Fraunhofer.

O país ainda está longe, porém, de atingir a neutralidade climática, está prevista para 2045. Sua economia, que consome muita energia, terá de compensar o fechamento das últimas usinas nucleares do país, em 2022, e a saída do carvão, antes de 2038.

Conhecido como "cabo verde", o Nordlink permite a troca de energia eólica, ou solar, produzida na Alemanha por energia hidrelétrica produzida na Noruega.

Este procedimento permite compensar as oscilações na oferta de energias renováveis, dependendo do vento, do sol, ou da chuva, sem a necessidade de recorrer à energia fóssil, ou nuclear.

A interligação entre Noruega e Alemanha ajuda a garantir o abastecimento: quando não há vento nem sol suficientes, a eletricidade das hidroelétricas norueguesas pode ser transportada para a central de conversão instalada em Wilster, em Schleswig-Holstein.

Nordlink funciona nos dois sentidos, possibilitando o envio da energia eólica alemã para a Noruega, onde pode ser armazenada, ou usada.

Complemento perfeito

"A energia hidrelétrica norueguesa e a energia eólica alemã se complementam perfeitamente neste sistema", explica Mathias Fischer, porta-voz da Tennet, um dos quatro administradores das redes de transmissão de eletricidade na Alemanha, e operador do Nordlink.

A capacidade da linha pode chegar a 1.400 megawatts, aproximadamente a produção de uma grande usina nuclear, e suficiente para cerca de 3,6 milhões de residências.

"Com o crescimento da energia eólica e solar, às vezes haverá sobras de energias renováveis na Alemanha e, graças ao cabo, poderemos mandar para a Noruega", diz Lenk.

A União Europeia faz da interligação de sistemas elétricos um dos pilares de sua estratégia para uma energia baixa em carbono. Existem vários projetos transfronteiriços, como o cabo que liga a Noruega à Holanda, também submarino, ou aquele entre Holanda e Reino Unido, ou entre Dinamarca e Holanda. Outros estão em fase de projeto.

As energias renováveis, mais descentralizadas, menos próximas dos centros urbanos e industriais, têm facilitado as redes de transmissão de energia elétrica.

Um dos grandes desafios da transição alemã é a instalação de milhares de quilômetros de novas linhas para levar eletricidade do norte, onde o vento sopra abundantemente, para as regiões do sul, o pulmão econômico altamente povoado do país.

No entanto, este projeto, em particular o eixo norte-sul, sofre muitos atrasos por questões burocráticas e pressões de várias associações locais, contrárias às rotas.

Merkel expressou sua preocupação a esse respeito, nesta quinta-feira, e pediu um "avanço mais rápido" na construção dessas infraestruturas.

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