Brookfield busca levantar US$ 7,5 bi para novo fundo voltado a mudanças climáticas
Maior gestora de ativos alternativos do Canadá quer aproveitar o interesse em soluções para a crise climática global criando um para investimentos que ajudam a reduzir emissões de carbono
Maria Clara Dias
Publicado em 10 de fevereiro de 2021 às 14h35.
Última atualização em 10 de fevereiro de 2021 às 16h01.
A Brookfield Asset Management planeja levantar pelo menos 7,5 bilhões de dólares para um novo fundo com foco no clima, enquanto a empresa de investimentos canadense reforça a aposta em ESG liderada pelo ex-presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney.
O Brookfield Global Transition Fund busca aproveitar o interesse crescente em soluções para a crise climática global, com foco em energia renovável e outros investimentos que ajudam a reduzir emissões de carbono.
Seria um dos maiores fundos - senão o maior - em um setor que tem atraído um forte fluxo de capital novo. O investidor ativista Jeff Ubben tenta levantar até US$ 8 bilhões para um fundo de investimento de impacto da Inclusive Capital Partners. Aproximadamente US$ 347 bilhões foram investidos em fundos ESG em 2020, o que resultou em centenas de novos fundos de olho nessas entradas.
O potencial de investimento é enorme, já que governos e corporações pretendem zerar as emissões líquidas, disse Carney em entrevista transmitida na quarta-feira durante o evento virtual Bloomberg Invest Talks.
“A mudança climática é o maior risco para o mundo .. mas, se você faz parte da solução, isso se torna a maior oportunidade comercial do mundo”, disse Carney, que começou a trabalhar no ano passado na Brookfield como vice-presidente do conselho e responsável por ESG e Fundo de Investimento de Impacto.
US$ 3 trilhões por ano
Carney, que também atua como enviado especial para as Nações Unidas sobre ação climática e finanças, disse que a opinião pública sobre a mudança climática pressionou empresas e governos a se comprometerem a reduzir as emissões mais rapidamente.
Mais de 100 países prometeram zerar as emissões líquidas nos próximos 30 anos - a China estabeleceu uma meta para 2060. A decisão do governo Biden de retomar a adesão ao Acordo de Paris é “extremamente importante” para o esforço, disse Carney.
“Sem dúvida, tendo o governo dos EUA - toda a força do governo dos EUA - por trás disso, eles trarão novas e melhores ideias, energia, o impacto em termos de política direta”, disse Carney, citando o conhecimento sobre o tema de autoridades como a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, com a qual Carney escreveu um artigo no ano passado sobre clima e política.
Não há caminho para zerar as emissões sem grandes investimentos de capital em energia limpa, disse Carney, acrescentando que cerca de 75% das emissões de gases de efeito estufa podem ser atribuídas aos setores de energia e geração de energia.
Tirar o carbono dos sistemas de energia significa substituir os combustíveis fósseis por energia solar e outras fontes renováveis e exigirá US$ 3 trilhões ou mais por ano em investimento de capital durante décadas, então há “uma grande oportunidade de capital para catalisar isso”, afirmou.