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Paralisia: para os críticos, os compromissos do Brasil são "insuficientes" e dos Emirados, com seus investimentos em hidrocarbonetos, são "altamente insuficientes" (Fábio Vieira/FotoRua/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 20 de março de 2024 às 20h39.
Os próximos compromissos de descarbonização de Brasil, Emirados Árabes Unidos e Azerbaijão estarão em linha com os requisitos para limitar o aquecimento global a 1,5° C, anunciaram os três países nesta quarta-feira, 20.
Os Emirados Árabes Unidos sediaram, em novembro passado, a 28ª conferência sobre mudanças climáticas (COP28), e o Azerbaijão é o encarregado de organizar a próxima, no fim deste ano, em Baku. O Brasil receberá a COP30 no ano que vem. Estes três países decidiram formar uma "troika" para coordenar seus esforços de negociação.
O Acordo de Paris de 2015, que estabeleceu a meta de 1,5°C, prevê que os planos de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) em cada país sejam formalizados a cada cinco anos nas "Contribuições Determinadas em Nível Nacional" (NDC, na sigla em inglês).
Um ponto-chave das negociações climáticas, a terceira onda de NDC, destinada a estabelecer metas específicas com vistas a 2035, deve ser concluída na COP30 em Belém, no fim de 2025. Isto implica que os países apresentem seus compromissos antes de fevereiro de 2025. No entanto, até agora as coisas avançaram pouco, segundo vários observadores.
"Sendo três países em desenvolvimento, que representam diferentes regiões do mundo, as presidências da COP28, da COP29 e da COP30 vão demonstrar seu compromisso, ao apresentar NDC alinhadas com o [objetivo de] 1,5° C", escreveu nesta quarta-feira esta inédita "troika de presidências".
Os compromissos atuais dos Emirados, cujo investimento em hidrocarbonetos continua aumentando, são considerados "altamente insuficientes" e os do Brasil, "insuficientes", pelos especialistas da organização não governamental Climate Action Tracker (CAT).
O Azerbaijão, que será anfitrião da COP29, em novembro, e não foi avaliado pela CAT, publicou sua nova NDC em outubro: tem como meta reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 35% até 2030 em relação a 1990, e em 40% até 2050.
O objetivo deste país, muito dependente de seus hidrocarbonetos, continua distante da neutralidade de carbono. Sua proporção de energia renovável se manteve estável (por volta de 15% a 17%) de 2011 a 2022, segundo esta NDC.
Para se manter no limite de 1,5° C, a nova onda de NDC "deverá incluir objetivos [...] que permitam reduzir as emissões em 43% até 2030" em relação a 2019, e em 60% até 2035, lembrou a troika.
No entanto, os compromissos atuais levam a uma redução de 2% das emissões até 2030, segundo a ONU. Estes compromissos colocam o planeta em uma trajetória de aquecimento que pode alcançar +2,9° C até 2100, em comparação com pelo menos +1,2° C na atualidade.