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Assédio no trabalho: "Disponibilizar um canal para mulheres que estejam passando por situações de violência ou discriminação é uma importante iniciativa de apoio", diz especialista (Carol Yepes/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 9 de junho de 2023 às 10h43.
Assédio moral, abuso de poder e agressão física – além de desvios de comportamento – correspondem a mais de 45% do total do contingente de mais de 5.000 denúncias recebidas em empresas brasileiras, de acordo com a pesquisa da IAUDIT, empresa especializada em auditorias, canais de denúncias e compliance há mais de 20 anos.
Em 2021 foram recebidas 47,41% de denúncias nesse sentido, seguidas de assédio sexual (1,73%) e comunidade e meio ambiente (2,05%). Enquanto em 2022, o número de assédio moral e outras agressões cresceu 48,25%, a frente de assédio sexual (3,14%) e comunidade e meio ambiente (1,13%).
No comparativo dos dois anos, assédio sexual cresceu 81,62%. Isto é, foi de 1,73% em 2021 foi para 3,14% em 2022. Já álcool, drogas e armas de fogo e corrupção, fraude, propina, suborno e vantagem indevida tiveram uma variação de 70,27%. “Diversos fatores podem contribuir para variação abaixo, entre eles estão: treinamentos sobre funcionamento do canal, divulgação da ferramenta, mudança de cultura", diz Suzana Alves, especialista em canal de denúncias do Grupo IAUDIT. Alves ainda afirma que foram analisadas cerca de 5,7 mil denúncias entre 2019 e 2022.
Os canais de entrada são – para a maioria das vítimas – o primeiro contato de um denunciante. No caso do estudo, os mais utilizadas para relatar as denúncias foram: ligação 0800 (40,29% em 2021 e 35,69% em 2022), portal (50,29% em 2021 e 54,62% em 2022), e-mail (8,14% em 2021 e 8,68% em 2022) e outros meios (1,28% em 2021 e 1% em 2022). “O crescente número de smartphones e o acesso à internet colabora para o aumento de relatos via Portal, contudo, isso pode variar conforme o público-alvo”, afirma Alves.
De acordo com os dados, um dos pilares para um bom canal de denúncias é o anonimato, quando solicitado. Segundo a pesquisa, em 2021, 79,39% das denúncias foram feitas de forma anônima, enquanto 20,61% foi identificado. Mas, em 2022, o anonimato caiu para 77,48%, correspondendo a um aumento no número de denúncias identificadas – que totalizaram 22,52%. O estudo afirma que o tempo médio de apuração da denúncia foi de 59 dias em 2021 para 44 dias em 2022.
Segundo o estudo, os setores com mais denúncias de assédio entre 2019 e 2022 são: saúde (60,84%), indústria (52,05%) e comércio e serviços (52,83%) – considerando os assédios morais, psicológicos, abusos de poder, desvios de comportamento e agressão física. Já para assédio sexual, as áreas com mais denúncias no período são: indústria (4,37%), comércio e serviços (3,35%) e saúde (3,07%).
O estudo ainda reforça a importância da lei 14.457/22 que foi sancionada. Ela institui o Programa Emprega + Mulheres e altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), definindo, assim, que as empresas que com Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio (CIPA) precisam implementar um canal de denúncias para registro de ocorrências, para acompanhamento e apuração dos acontecimentos.
Na pesquisa da IAUDIT, as informações sobre assédio sexual aumentaram em cerca de 81%. Em 2021, 1,73% das denúncias envolviam essa questão e em 2022, o percentual foi de 3,14%. Esse dado mostra, segundo o estudo, que a segurança ao relatar, quando ocorre, estimula a realização das denúncias e busca por ajuda.
“Disponibilizar um canal para mulheres que estejam passando por situações de violência ou discriminação é uma importante iniciativa de apoio. Desta forma, elas se sentirão acolhidas e, isso pode, inclusive, garantir sua integridade física e psicológica”, conclui Alves.