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Transporte público: Helsinque é apontada como local com melhor mobilidade dentre mais de 60 cidades (Ismail Duru/Anadolu/Getty Images)
Repórter de ESG
Publicado em 5 de janeiro de 2024 às 07h00.
Última atualização em 5 de janeiro de 2024 às 12h35.
Helsinque, Amsterdã e Estocolmo permanecem como as cidades com melhores mobilidade, é o que diz o quinto índice Urban Mobility Readiness Index do Fórum Oliver Wyman em parceria com a Universidade de Berkeley, da Califórnia. Já Londres e Tóquio caíram algumas posições como principais cidades em mobilidade entre 2020 e 2023. Nesta edição, o Índice apresenta 65 cidades referência em mobilidade, além de trazer recomendações para melhorar o transporte público e a mobilidade sustentável.
De acordo com o estudo, soluções de mobilidade simples, acessíveis financeiramente e eficientes podem auxiliar as cidades a enfrentar desafios econômicos e climáticos. Cidades que oferecem mobilidade financeiramente acessível e eficiente, com itens como ciclovias e trens, podem estar mais preparadas para lidar com as ondas de calor. Outra estratégia tem sido a redução de taxas para compras de veículos elétricos.
As cidades que lideram esta edição do Índice são as que optaram por investir em infraestrutura e eficiência de sistemas em vez de soluções mais inovadoras ainda em desenvolvimento, como carros autônomos, por exemplo.
Helsinque, a capital finlandesa, é a primeira colocada no Índice. A cidade tem zonas sem carros, investimentos em infraestrutura para o carregamento de veículos elétricos e boa estrutura para ciclistas – além de uma rede de transportes públicos em expansão, com projetos elétricos. Uma das estratégias é aumentar a oferta do transporte público e oferecer um bilhete relativamente acessível de cerca de três dólares.
Outra cidade de destaque é Hong Kong que, segundo o estudo, continua a ser modelo de transporte público. “Pelo segundo ano consecutivo, a cidade lidera o Subíndice de Transporte Público graças à sua eficiência, preço acessível e acessibilidade, o que permitiu que o sistema de transporte público da cidade representasse impressionantes 71% de toda a distância percorrida em Hong Kong. E as autoridades municipais reforçam ainda mais o sistema de trânsito que, em 2023, começaram a trabalhar numa nova estação que ajudaria a ligar as partes oriental e ocidental dos Novos Territórios”, afirma o documento.
De acordo com o levantamento, uma das chaves para o desenvolvimento de transportes é o investimento constante. “Mesmo as cidades classificadas na metade inferior do Índice podem dar passos em frente na modernização dos seus sistemas de mobilidade com investimento contínuo nos aspectos essenciais, é o exemplo de Jeddah e Bangkok, que subiram no ranking nos últimos dois anos graças a esforços determinados para aumentar o número de passageiros do transporte público com tarifas acessíveis”, diz o relatório.
Porém, o prognóstico não é positivo para todas as cidades. Cingapura, Zurique e Los Angeles, por exemplo, foram ultrapassadas por outras cidades no ranking. Segundo o estudo, este é o caso de continuar encontrando formas de inovar, como investir no mercado de veículos elétricos e fomentar a utilização do transporte público.
Para 45% dos consumidores, a acessibilidade e disponibilidade são fatores importantes que direcionam as decisões de mobilidade. Por esse motivo, oferecer uma rede de transporte público fácil de usar é um investimento inteligente para as cidades que querem aumentar o número de passageiros do transporte público e fazer crescer suas economias. Segundo a coalizão C40, para cada US$ 1 bilhão investido em transporte público, há um retorno cinco vezes maior, com a criação de 50 mil empregos.
“As elevadas taxas de inflação, em combinação com dificuldades na cadeia de abastecimento, pressionaram as famílias em todo o mundo e atrasaram a produção de veículos eléctricos e autocarros, o que pode atrasar os planos municipais de utilização de veículos eléctricos e resultar em custos mais elevados”, afirma o documento.
Mesmo com um cenário pouco animador, o estudo demonstra entusiasmo pela indústria da mobilidade, muito puxada pela evolução chinesa e o mercado para produzir veículos elétricos, enquanto os EUA produzem semicondutores onshore.
Quando se discute mobilidade, o número de passageiros ainda retomou o patamar de níveis pré-pandemia – o que cria um abismo entre o que está sendo investido em infraestrutura e o retorno financeiro do setor. Segundo a Associação Americana de Transporte Público (do inglês, American Public Transit Association), 71% das maiores agências de trânsito vão enfrentar um “abismo fiscal” nos próximos cinco anos.
Pensando nisso, Berlim e Munique aderiram ao Deutschland Ticket da Alemanha, que permite aos passageiros usarem todos os transportes públicos locais por cerca de 52 dólares/mês. Seul, na Coreia do Sul, planeja lançar um passe coletivo que permita a utilização de todas as linhas de metrô, ônibus e compartilhamento de bicicletas em 2024.
“Como a mobilidade pode ser verdadeiramente sustentável se for alimentada por petróleo e gás ou pela geração de energia com elevado teor de carbono?”, é um questionamento levantado pelo estudo. Para o índice, muitas das principais cidades no Subíndice de Mobilidade Sustentável precisam de esforços concentrados para procurar alternativas mais ecológicas. Amsterdã, Berlim, Munique e Oslo foram indicadas como cidades bastante comprometidas com a energia limpa, por usarem energia de fontes renováveis.
“A vitalidade urbana depende de redes de mobilidade financeiramente acessíveis, convenientes e sustentáveis. À medida que as pressões globais colocam em causa os meios de subsistência e o clima, as cidades devem garantir a sua viabilidade como locais para viver e trabalhar no futuro”, diz o documento.