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Ao unir crédito e sustentabilidade, esta fintech quer fazer com que PMEs também adotem o ESG

Para a OpenBox, a mentalidade sustentável deve ser uma realidade para empresas de pequeno e médio porte

Mauricio Rodrigues, CEO da OpenBox: fintech quer levar a ideia de sustentabilidade para PMEs brasileiras (OpenBox/Divulgação)
MC

Maria Clara Dias

Publicado em 11 de fevereiro de 2021 às 16h22.

Se depender da OpenBox, fintech de crédito para pequenas e médias empresas, a ideia de que apenas as grandes companhias podem abraçar a agenda ESG (sigla do mundo corporativo para a adoção de critérios ambientais, sociais e de governança) já ficou para trás. A startup anunciou a criação de uma certificação para PMEs que sejam capazes de comprovar que estão cumprindo suas metas socioambientais.

Fundada em 2018 pelos empreendedores Maurício Rodrigues e Fernando Peixoto, a OpenBox tomou como missão fazer com que empresas relacionem uma boa gestão financeira a práticas adequadas de sustentabilidade. Para isso, a fintech oferece até mesmo taxas de crédito inferiores em empréstimos para PMEs que comprovem a boa conduta ambiental.

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“Viramos a chave ao definirmos que nosso propósito, além de democratizar o mercado financeiro, seria alicerçado em sustentabilidade”,diz Maurício Rodrigues, presidente da OpenBox.

No segundo semestre de 2020, a OpenBox foi selecionada pelo Lift, programa de inovação do Banco Central que seleciona empresas de tecnologia com propostas de inovação para o Sistema Financeiro Nacional.

Foi a partir daí que a startup percebeu que as pequenas empresas careciam de regulações que permitissem o benefício a partir de ações ambientais. “Percebemos que havia uma distância muito grande entre o falar de sustentabilidade e ações concretas de ESG entre as pequenas e médias empresas”, afirma. Em março do ano passado, o incômodo se tornou em um projeto apresentado ao BC, no qual a OpenBox previa uma menor depreciação de taxas das operações de crédito para PMEs sustentáveis.

O próximo passo era colocar essa tese na rua. Para isso, a fintech contratou a consultoria BoaVista, que ficou a cargo de desenhar tim-tim por tim-tim as ações sustentáveis recomendadas para pequenas e médias empresas. Depois de materializados, os 48 critérios sustentáveis foram inseridos no portal PME Sustentável, uma espécie de simulador digital no qual as companhias podem testar seu compromisso ambiental com base em cinco grandes grupos: ambiental, social, proteção ao consumidor, solidariedade econômica e comprometimento da empresa.

Rodrigues afirma que os critérios são mutáveis, a depender da área de atuação de cada empresa.“Se uma empresa de tecnologia quer avaliar sua conduta socioambiental, ela terá um questionário bem diferente de uma indústria, por exemplo". Algumas práticas sociais também são avaliadas, como as condições de trabalho e diversidade, por exemplo.

Para despertar o maior interesse das empresas do seu portfólio, a OpenBox agregou à plataforma a oportunidade de obter uma certificação, chamada Certificação de Índice de Ações Sustentáveis (IAS), fruto da parceria entre a certificadora Ecocert. A atribuição da certificação depende diretamente do resultado do simulador.

A certificação ainda está em fase de testes, segundo Rodrigues, mas deve ser um sinal ainda mais claro para que as empresas agreguem o valor da sustentabilidade ao dia a dia dos negócios. “Quando uma PME percebe que tem portas abertas, novas oportunidades de negócio e uma diferente percepção do mercado quando ela é sustentável, o desejo em ser certificada será ainda maior", diz.

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Em dois anos de operação, a OpenBox já movimentou 20 milhões de reais em operações financeiras, crescendo cerca de 50% ao ano. A expectativa é que, até o final de 2021, esse volume atinja os 300 milhões de reais. Internamente, o compromisso ambiental já é algo sólido para a OpenBox, que possui inclusive um conselho responsável pelo monitoramento das ações de sustentabilidade, segundo Rodrigues. "Definimos tudo o que precisamos para ganhar escala nos próximos meses, e agora é hora de colocar em execução e levar essa mentalidade para outras empresas do mercado”, diz.

O retorno financeiro em toda essa operação é nulo, e o benefício da OpenBox a partir de todo o esforço em democratizar o ESG se resume aos valores da empresa. “Não ganhamos nada com isso, mas é o nosso propósito: ser uma fintech ética e com propósito ambiental indiscutível”, afirma o CEO.

A meta é chegar até o final de 2021 com ao menos 20% da base de clientes certificada.  “Nosso norte é mostrar às empresas que elas têm muito mais a ganhar com ações sustentáveis do que sem, e acreditamos que temos um ano muito positivo para isso”.

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