AIE corta previsão para uso de petróleo e vê superávit em 2022
“O aumento imediato da Opep+ colide com o crescimento mais lento da demanda e maior produção fora da aliança, eliminando sugestões persistentes de uma crise de oferta de curto prazo ou superciclo”, disse a AIE
Bloomberg
Publicado em 12 de agosto de 2021 às 12h07.
A Agência Internacional de Energia fez um grande corte nas previsões para a demanda global por petróleo para o resto do ano em meio ao ressurgimento da pandemia que afeta os maiores consumidores. A agência também projeta um novo superávit em 2022.
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É uma reversão significativa das previsões da agência de Paris, que há apenas um mês pedia à aliança Opep+ para elevar a produção e evitar o risco de uma alta prejudicial dos preços. O cartel de petróleo atendeu aos apelos e aumentou a oferta, que chega justo quando o consumo diminui.
A análise também contrasta com o apelo feito na quarta-feira pelos Estados Unidos - o membro mais influente da AIE - à Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados para aumentar a produção mais rapidamente.
“O aumento imediato da Opep+ colide com o crescimento mais lento da demanda e maior produção fora da aliança, eliminando sugestões persistentes de uma crise de oferta de curto prazo ou superciclo”, disse a AIE em seu relatório mensal.
Os preços do petróleo acumulam baixa de 6% este mês à medida que a variante delta, altamente contagiosa, leva a novos lockdowns na China e em outros consumidores asiáticos, onde as taxas de vacinação são mais baixas. Os futuros do Brent são negociados perto de US $ 71 o barril, tendo atingido quase US$ 78, o maior nível em dois anos, no início de julho.
O “recente rali perdeu força com as preocupações de que o aumento dos casos de Covid-19 da variante delta possa prejudicar a recuperação justo quando mais barris chegam ao mercado”, disse a AIE.
A Opep+, uma coalizão de 23 países liderada pela Arábia Saudita e Rússia, fechou um acordo no mês passado sobre um roteiro para repor o restante do petróleo retirado do mercado devido à paralisação causada pela pandemia. No entanto, os barris adicionais começam a fluir em um momento desfavorável.
A demanda global por petróleo “reverteu abruptamente o curso” no mês passado, caindo ligeiramente depois de subir 3,8 milhões de barris por dia em junho, segundo a agência, que reduziu as projeções de consumo no segundo semestre de 2021 em 550 mil barris por dia.
Ainda assim, a AIE projeta que o consumo mundial de combustíveis continuará aumentando à medida que a recuperação econômica global se acelera, atingindo uma média de 98,9 milhões de barris por dia nos últimos três meses do ano.
A recuperação alcançada até agora já provoca efeitos colaterais indesejados.
Com motoristas nos EUA pagando US$ 3 pelo galão de gasolina (3,8 litros) e temores de inflação, o governo Biden insiste que a Opep+ acelere o aumento da oferta. “Em um momento crítico da recuperação global”, os planos da Opep “simplesmente não são suficientes”, disse o Assessor de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, em comunicado na quarta-feira.
A AIE elevou significativamente as previsões de oferta fora da Opep em 2022, à medida que EUA e outros produtores se recuperam da redução dos investimentos devido à Covid-19. A projeção para a produção fora da Opep foi elevada em uma média de 1,1 milhão de barris por dia no próximo ano.
Como resultado, a Opep já está produzindo o volume de petróleo necessário em 2022, segundo o relatório. Com produção de 26,7 milhões de barris por dia em julho, seguir com os planos para repor mais barris provavelmente levará o mercado de volta a um superávit.
“A balança pode se inclinar novamente a um superávit em 2022 se a Opep+ continuar desfazendo seus cortes e produtores que não participam do acordo aumentarem (a produção) em resposta aos preços mais altos”, disse a agência.
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