Mirele Mautschke, CEO da DHL Express: “Nos compromissamos a eletrificar em 60% a frota até 2030” (DHL/Divulgação)
Rodrigo Caetano
Publicado em 31 de agosto de 2021 às 11h45.
Última atualização em 8 de setembro de 2021 às 10h26.
O comércio eletrônico evoluiu dez anos em 12 meses. A conclusão é de um estudo feito pela empresa de logística DHL e coordenado pelo Conselho das Américas, organização de apoio ao desenvolvimento socioeconômico no continente. Até 2030, a previsão era de um crescimento de 78% nas vendas online. Logo no início da pandemia, ficou claro que esse percentual seria atingido muito antes.
Empresas como o Mercado Livre viram, da noite para o dia, a demanda mais do que dobrar em algumas regiões. “Sabíamos que isso ia acontecer, mas não tão rápido”, afirma Mirele Mautschke, CEO da DHL Express. “E o movimento trouxe à tona a questão da sustentabilidade.”
O setor de transportes emitiu cerca de 200 milhões de toneladas de gases de efeito estufa em 2019, último ano disponível, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), principal referência no assunto. A pandemia diminuiu a circulação de pessoas, reduzindo as emissões do transporte de passageiros, responsável por pouco menos da metade do total. A outra metade, oriunda do setor de cargas, aumentou.
Mesmo assim, a DHL aponta que há um efeito benéfico no crescimento do e-commerce: as compras online geram 36% menos emissões do que as compras feitas em uma loja física, mesmo depois de contabilizar o aumento de devoluções e embalagens. E, adivinhe, a maior contribuição para essa diminuição vem dos transportes.
Ainda que, tecnicamente, o comércio eletrônico seja mais eficiente em carbono do que o físico, há espaço para melhorias. “A eletrificação dos transportes é uma necessidade e vai acontecer”, afirma Mautschke. “Nos compromissamos a eletrificar em 60% a frota até 2030.” Esse movimento irá custar 7 bilhões de euros, globalmente.
No mundo, a DHL Express possui cerca de 80.000 veículos. A CEO não aposta muito em uma transição completa para os veículos elétricos, porém, na chamada “última milha”, como é chamada a rota entre o centro de distribuição e o cliente, o transporte eletrificado deve dominar, juntamente com os alternativos, como as bicicletas.
“No Brasil, iniciaremos um projeto piloto para incluir bicicletas e scooters elétricas em algumas rotas”, afirma a executiva. Nos próximos cinco anos, a DHL espera substituir 340 veículos a combustão por modelos elétricos no país. Em 2023, a meta é ter 40 eletrificados.
Outra ajuda poderia vir da maior eficiência. Segundo a DHL, nenhum país latino-americano está entre os 25% melhores na pesquisa de desempenho logístico do Banco Mundial, o que sugere ineficiências substanciais no transporte de mercadorias.
As taxas de urbanização da região ultrapassam 80%, o que significa desafios logísticos semelhantes aos dos países desenvolvidos, somados a problemas locais, como megacidades sem infraestrutura adequada de transporte, centros urbanos densos, alta informalidade, falta de regulamentos e de segurança. O comércio eletrônico veio para ficar, mas terá de trazer investimentos.
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