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(Ibama/Divulgação)
Apesar de sofrer as consequência das mudanças climáticas de maneira unânime, o Brasil tem municípios que contribuem bem mais para o aquecimento global. Segundo um levantamento do Observatório do Clima, rede composta por 56 ONGs e movimentos sociais, as cidades brasileiras que mais poluíram na última década são Porto Velho, em Rondônia, e São Félix do Xingu e Altamira, ambas no Pará. Juntas, as três cidades emitiram cerca de 172 milhões de toneladas de CO2.
O mapeamento feito através do sistema de emissões de gases do efeito estufa (SEEG) mostra, pela primeira vez, os níveis de poluição a nível municipal para todos os 5.570 municípios da Federação no período que vai de 2010 a 2018. Para as três cidades com maiores índices de emissão, há também a relação com as altas taxas de desmatamento. O SEEG é uma plataforma online que reúne dados e estimativas sobre a produção de gases do efeito estufa no país, com base em relatórios governamentais e de institutos e centros de pesquisa.
O município mais poluente do Brasil é São Félix do Xingu (PA), com 29,7 milhões de toneladas brutas de CO2e lançadas na atmosfera em 2018. A maior parcela desse montante vem do uso da terra e desmatamento para pasto - que corresponde a 25,4 milhões de toneladas de carbono. O Pará concentra o maior número de municípios entre os maiores produtores de cabeças de gado no país.
Se fosse um país, São Félix do Xingu estaria à frente de países como Uruguai, Panamá e Noruega em níveis de poluição, segundo ranking global Climate Watch Data.
Segundo o SEEG, o desmatamento também contribui para os números alarmantes de emissões per capita nos municípios da região amazônica. No caso de São Félix, por exemplo, cada morador emite 225 toneladas de carbono por ano - quase 22 vezes a mais que a média per capita do Brasil. Por outro lado, a cidade tem remoções de carbono que beiram as 10 milhões de toneladas.
Dos dez municípios campeões de emissão bruta no país, apenas três ficam fora da Amazônia: São Paulo, Rio de Janeiro e Serra, no Espírito Santo.
Setores mais poluentes
O mapeamento dividiu as emissões em cinco diferentes setores: resíduos, processos industriais, energia, agropecuária e mudança de uso da terra e floresta. O último tópico, relacionado ao desmatamento e uso indevido da terra, é a principal causa para as emissões de poluentes nos sete estados da Amazônia que lideram o ranking do SEEG.
Para os três municípios do Sudeste com maiores níveis de poluição, o resultado se deve ao setores energético, de processos industriais e resíduos. De acordo com o mapeamento, o Rio de Janeiro lidera a lista de cidades com mais gases devido aos resíduos, enquanto Serra (ES) tem suas emissões como resultado de processos industriais.
Já a cidade de São Paulo emitiu 12,4 milhões de toneladas apenas no setor de transporte, reforçando o argumento de que consumo energético é a principal causa de poluição nas grandes capitais, sobretudo graças ao uso de combustíveis fósseis.