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PL Antifacção: Senado atende a apelo do governo, mas financiamento pode dificultar o debate

Relator condiciona taxação de bets a aporte em Fundo de Segurança Pública

A principal mudança introduzida pelo relator, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), foi a criação de uma solução para o dilema crônico da segurança pública: o financiamento (Andressa Anholete/Agência Senado)

A principal mudança introduzida pelo relator, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), foi a criação de uma solução para o dilema crônico da segurança pública: o financiamento (Andressa Anholete/Agência Senado)

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Publicado em 12 de dezembro de 2025 às 17h58.

Aprovado nesta semana pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, o projeto de lei Antifacção deve permanecer em alta até o recesso parlamentar.

Após pressões governistas, a proposta sofreu alterações em relação ao texto aprovado pela Câmara dos Deputados. A principal mudança introduzida pelo relator, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), foi a criação de uma solução para o dilema crônico da segurança pública: o financiamento. O substitutivo aprovado estabelece um novo tributo, a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), incidente sobre as apostas online (conhecidas como bets), com uma alíquota de 15% sobre o volume financeiro das transações. 

A medida tem potencial de injetar até R$ 30 bilhões anuais no Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), com a maior parte dos recursos sendo descentralizada para os estados para o fortalecimento das forças de segurança.

Além do financiamento, o texto foi aprimorado para trazer maior rigidez penal e a segurança jurídica. O relatório definiu de forma clara e específica o tipo penal de facção criminosa, diferenciando-a de uma simples organização criminosa pela distinção daquelas que exercem  controle territorial, possuem atuação interestadual e façam uso de violência ou grave coação. 

As penas para quem integra ou financia esses grupos foram significativamente aumentadas, podendo chegar a 60 anos de reclusão para líderes. Além disso, as milícias foram explicitamente equiparadas a organizações criminosas para fins de aplicação da lei, garantindo que sejam alvo das mesmas ferramentas de investigação e punição severa.

Pontos de discordância

Foram retirados pontos de dissenso que haviam sido incluídos na versão anterior, aprovada pela Câmara dos Deputados, como a proibição de auxílio-reclusão para familiares de presos e a restrição do direito ao voto para presos provisórios. As mudanças atendem a apelo do Planalto, que negociou para retomar vários pontos da matéria inicialmente enviada pelo Executivo ao Congresso. A aprovação na CCJ, portanto, representou não apenas um avanço legislativo, mas também um importante momento de convergência política entre o Executivo e o Senado.

Com a aprovação do regime de urgência, o projeto está pronto para ir ao Plenário do Senado. Contudo, devido às modificações, o texto deverá retornar à Câmara dos Deputados para nova apreciação, uma vez que aprovado no plenário do Senado. Esse vaivém legislativo é necessário, mas a solidez do acordo costurado e a urgência do tema sugerem que a versão do Senado, mais equilibrada e financeiramente robusta, tem grandes chances de prevalecer como o Marco Legal definitivo no combate ao crime organizado no Brasil.

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