Investimento em infraestrutura fica aquém do esperado
Especialistas dizem que aporte precisa ser maior para garantir, ao menos, a manutenção da infraestrutura que já existe
Esfera Brasil
Publicado em 16 de julho de 2022 às 09h00.
Os investimentos do Brasil em infraestrutura têm registrado queda nos últimos anos. De acordo com uma estimativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o país investiu apenas 1,57% do PIB em infraestrutura no ano passado, o menor percentual dos 11 anos da série histórica. Especialistas dizem que o aporte não é suficiente nem para garantir a manutenção dos projetos do setor que já existem.
Em entrevista ao jornal O Globo, o economista da CNI Matheus de Castro disse que para chegar ao aporte necessário, é preciso expandir os investimentos feitos pela iniciativa privada e pelo governo. "Deveríamos investir pelo menos R$ 200 bilhões ao ano para evitar a depreciação da infraestrutura que já existe hoje. Para expandir, precisaríamos de 4% do PIB ao ano para que, em meados do século, tivéssemos um nível de estoque de infraestrutura suficiente para nossas necessidades", explicou Castro.
De acordo com o economista, o orçamento do Ministério da Infraestrutura para este ano é o menor desde 2001. Estudos apontam para a necessidade de se investir, ao menos, 4,3% do PIB, ao longo dos próximos 10 anos, para o país reduzir gargalos ao desenvolvimento econômico e social. Para a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), a regra do teto de gastos (que limita as despesas do governo) não deve se aplicar a investimentos em infraestrutura.
A estratégia do governo parece ser incentivar o investimento privado no setor. O Ministério da Infraestrutura diz que, para este ano, “estão previstas concessões de 43 ativos, totalizando ao menos R$ 160,8 bilhões em investimentos.”
Ao jornal O Globo, Marcus Quintella, diretor do centro de estudos FGV Transportes, afirmou que o país precisaria elevar a 5% do PIB, por 25 anos, os investimentos, a fim de ter uma estrutura de transporte adequada. "As tentativas de passagem de ativos para a iniciativa privada têm limitações, porque só o setor privado não vai desenvolver a estrutura do país. Em nenhum lugar do mundo isso ocorreu. Alemanha, Espanha, Inglaterra, fizeram e fazem investimentos públicos pesados", concluiu o especialista.