Brasil tem potencial para produção de energia renovável a partir de turbinas em alto-mar, mas o projeto ainda dá os primeiros passos no país. (glegorly/Getty Images)
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Publicado em 21 de setembro de 2023 às 09h00.
A energia eólica, produzida pela força do vento que aciona as turbinas, é uma realidade no Brasil, em especial no Nordeste. No entanto, outra fonte ainda não explorada no País é a eólica offshore, produzida em alto mar. Segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), é possível aumentar em 3,6 vezes a capacidade brasileira de produção de energia, chegando a 700 gigawatts (GW) com a offshore.
O estudo intitulado “Oportunidades e desafios para geração eólica offshore no Brasil e a produção de hidrogênio de baixo carbono” aborda também as barreiras para o desenvolvimento de projetos dessa natureza. O lançamento aconteceu em Brasília, em um encontro para debater assuntos da Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas. O evento vai ocorrer em Dubai entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro.
A eólica offshore já é realidade na Europa, Ásia e América do Norte. No Brasil, segundo a CNI, o Ibama recebeu 78 pedidos de licenciamento até 30 de agosto que somam 189 GW de potência instalada. O número representa quase a capacidade total de energia centralizada no País e conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN), que é de 194 GW.
No mundo, a estimativa é que 260 GW possam ser gerados até 2030 pelas eólicas offshore, chegando a 316 GW ao final da década. O potencial, de acordo com a CNI, é suficiente para abastecer quase duas vezes o Brasil todo. Para isso, estão previstos investimentos de US$ 1 trilhão.
“A consolidação dessa cadeia de valor no Brasil pode impulsionar a economia e facilitar a retomada da industrialização. Além de oferecer uma fonte de energia limpa e renovável, o setor vai atrair empregos e investimento, estimular o desenvolvimento tecnológico e científico e apoiar a promoção do hidrogênio de baixo carbono no País”, aponta o estudo.
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Brasil
No País, a CNI fez um mapeamento e identificou as regiões com as melhores oportunidades de exploração das eólicas offshore. No Nordeste, o destaque é para a costa entre Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte; no Sudeste, a principal área fica entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo; já no Rio Grande do Sul, o foco é a Lagoa dos Patos.
De acordo com o estudo, o Brasil já tem cadeias maduras de suprimentos nos setores relacionados à energia eólica onshore (em terra), petróleo e gás e experiência para alavancar a produção offshore.
Investir em energia renovável é importante também para que o País cumpra as metas do Acordo de Paris. O Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEEs) em 37% até 2025 e em 50% até 2030, com base nas emissões de 2005.
Segundo a Agência Internacional de Energias Renováveis, o setor eólico onshore e offshore deverá empregar cerca de 2,2 milhões de pessoas até 2030 no mundo.
“O conhecimento desenvolvido sobre energias renováveis, a extensa costa e a localização privilegiada para acessar os mercados com as maiores demandas para importação do hidrogênio podem colocar o Brasil como um forte competidor na geração de energia eólica offshore”, defende a CNI.
Regulamentação
Para que o Brasil desponte no cenário mundial e atraia investidores, ainda é necessário um marco regulatório. Está em tramitação no Congresso Nacional um projeto de lei que regulamenta o modelo de cessão de áreas, cobrança de outorgas e os critérios para a realização de leilões.
Em janeiro de 2022, foi publicado o decreto 10.946, que trata da cessão do uso de espaços físicos e o aproveitamento dos recursos em águas para o desenvolvimento da energia eólica offshore. No entanto, não foi suficiente, na avaliação da CNI, para trazer segurança jurídica aos negócios.