Entre aspectos externos que pesam na variação do câmbio está a mudança dos preços de commodities no mercado internacional e os indicadores gerais da economia norte-americana. (Stock/Getty Images)
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Publicado em 12 de julho de 2024 às 08h00.
Foco de desconforto entre agentes econômicos e representantes do mundo político recentemente, a desvalorização do câmbio nos últimos meses afeta o poder de compra dos brasileiros e também pode pesar na inflação em curto prazo. Segundo economistas, a variação do dólar é fruto de uma soma de fatores domésticos e externos e não é efeito apenas de um fato ou episódio específico.
Em seis meses, a moeda dos Estados Unidos saltou de R$ 4,86 para mais de R$ 5,59, em uma valorização que ultrapassou 15% frente ao real. Entre aspectos externos que pesam na variação do câmbio está a mudança dos preços de commodities no mercado internacional e os indicadores gerais da economia norte-americana, que é considerada por analistas como o grande pilar nas trocas comerciais.
A nível doméstico, a condução da política fiscal tem sido fator de incerteza, que também tem estimulado a oscilação do dólar no mercado brasileiro. Nos últimos dias, falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em que ambos dão sinais de que a busca pelo equilíbrio nos gastos públicos será respeitada, provocaram certa calmaria no mercado. As semanas anteriores, no entanto, haviam sido marcadas por duras críticas do chefe do Executivo ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
“Várias economias da União Europeia não vêm apresentando um desempenho satisfatório. Por outro lado, a economia americana dá sinais de melhoria em sua situação geral, com redução do desemprego. A inflação começa a dar sinais de recuo. Esses componentes ajudam a economia americana a captar mais recursos”, ponderou o economista Ulisses Meira, que é consultor financeiro.
“Internamente, eventuais críticas que o presidente da República tem feito à atuação do Banco Central em relação à taxa básica de juros têm criado uma instabilidade em relação aos agentes econômicos e ao mercado financeiro”, completou Meira, que também aponta a influência de questões políticas na taxa de câmbio.
De acordo com o Boletim Focus mais recente, divulgado pelo Banco Central nesta semana, a previsão é que a cotação do dólar ao final do ano fique na casa dos R$ 5,20. Com menos ruídos e questões institucionais no horizonte, é esperado que o comportamento da moeda norte-americana se estabilize nas próximas semanas. A mudança no comando do Banco Central, com a transição para um novo presidente ao fim do mandato de Roberto Campos Neto, e eventuais novas diretrizes de política monetária podem influenciar diretamente o desempenho do dólar diante do real neste segundo semestre.