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Comércio aposta em medidas do governo para recuperar o ritmo

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo já revisou para cima a previsão de crescimento do setor em 2022

(Lucas Landau/Reuters)
EB

Esfera Brasil

Publicado em 2 de agosto de 2022 às 09h00.

A pesquisa mensal do comércio (PMC) do IBGE registrou a redução no crescimento das vendas no comércio varejista, que ficou perto de zero em maio (0,1%), depois de quatro altas seguidas no ano na série com ajuste sazonal.

Apesar da redução do ritmo de vendas, entidades setoriais confiam em que medidas do governo com a “PEC das bondades”, que aumenta o valor do auxílio Brasil entre outros benefícios, e a redução de impostos sobre combustíveis poderão neutralizar os efeitos da conjuntura internacional, da alta dos juros e da elevação do endividamento das famílias nos últimos meses. Com base nessa expectativa, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) revisou para cima a previsão de crescimento do setor em 2022.

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Segundo o IBGE, em maio houve variação positiva em seis grupos: livros, jornais, revistas e papelaria (5,5%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (3,6%), tecidos, vestuário e calçados (3,5%), combustíveis e lubrificantes (2,1%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (2,0%) e supermercados, produtos  alimentícios, bebidas e fumo (1,0%). Houve reduções de vendas em móveis e eletrodomésticos, outros artigos de uso pessoal e doméstico, veículos, motos, peças e material de construção. O acumulado no ano no comércio varejista ampliado ficou em 1,0%.

Acompanhamento da ABRAS também aponta retração do consumo nos supermercados. Em maio, as vendas deflacionadas pelo IPCA/IBGE, apresentaram queda de -3,47%, na comparação com o mês imediatamente anterior, e alta de 0,39% sobre maio de 2021. No acumulado de 2022, as vendas mantiveram crescimento real de 2,02% sobre o mesmo período do ano anterior.

Um outro termômetro do setor é o IAV (Índice de Antecipação de Vendas), elaborado pelo IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo) com base nas projeções das empresas associadas. No seu boletim que avaliou o mês de maio, divulgado em junho, o IDV espera que os estímulos governamentais possam ajudar a tirar a economia da má fase em que está. Em maio, o IAV ponderado indicava redução nas vendas do setor (-2,6%) na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Foi o primeiro desempenho negativo depois de dois meses seguidos de crescimento real em 2022. Com isso, a previsão para os meses seguintes piorou: descontada a inflação projetada, haverá queda nas vendas de 4,3% em junho, 3,4% em julho e estabilidade em agosto, em relação aos mesmos meses do ano anterior.

Otimista, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) reviu para cima, de 1,7 para 2,0% a sua previsão de variação do volume de vendas do setor neste ano. A confederação avalia que a PEC n°1/2022 “deverá viabilizar um cenário predominantemente positivo para o varejo no curto prazo ao ‘turbinar’ o Auxílio Brasil em 50% e ampliar em 1,6 milhão o número de famílias beneficiadas pelo programa”.

Para a CNC, a criação de um voucher de R$ 1 mil, ampliação do vale gás e a concessão de benefícios a taxistas poderão “apresentar um incremento de vendas de R$ 16,3 bilhões, sendo os ramos de hiper, super e minimercados (R$ 5,53 bilhões), combustíveis e lubrificantes (R$ 3,03 bilhões) e as lojas de tecidos, vestuário e calçados (R$ 2,32 bilhões) os mais afetados pela aprovação total da PEC”.

Já o IPEA, na sua carta de conjuntura divulgada no final de junho, revisa para cima sua previsão de crescimento econômico neste ano. Ao analisar indicadores do primeiro semestre, constata crescimento dos índices de atividade no comércio varejista ampliado, nos serviços e na indústria. Diante disso, considera que a economia manteve parte do fôlego observado nos primeiros 3 meses de 2022 graças à recuperação do mercado de trabalho e ao Auxílio Brasil. Parte desse ímpeto vai perder força no segundo semestre com a continuidade da guerra na Ucrânia, inflação, juros altos e câmbio volátil. Mesmo assim, o IPEA considera que o desempenho da economia até aqui  permite elevar sua previsão do PIB em 2022 para 1,8%, confiando na contribuição maior dos serviços e do consumo das famílias e menor na da indústria e da agropecuária.

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