Apple e Samsung: uma disputa que pode inspirar políticas de inovação
Valorizar mais a educação é o único caminho real para o desenvolvimento econômico nas próximas décadas
Esfera Brasil
Publicado em 9 de julho de 2022 às 09h00.
A Apple e a Samsung estão entre as maiores empresas tecnológicas de todos os tempos. A cultura de inovação da Apple é muito conhecida em todo o mundo, mas a da Samsung é bem menos conhecida. Além dos smartphones, ela também produz notebooks, televisores, eletrodomésticos e muitos outros produtos com altos níveis de inovação e qualidade. O momento mais importante da sua história está relacionado, sem dúvida, à “guerra” com a Apple no mercado de smartphones.
Em 2005, o presidente da divisão de semicondutores e memórias da Samsung, Chang-Gyu Hwang, viajou com dois colegas executivos para a casa de Steve Jobs, na Califórnia. O objetivo da viagem era uma reunião para apresentar a memória flash NAND (Not AND), que é um dispositivo de armazenamento muito mais leve e eficiente do que o disco rígido tradicional da época. Steve Jobs ficou muito entusiasmado, disse que essa memória era exatamente o que ele queria, e concordou em tornar a Samsung sua única fornecedora.
Chang-Gyu Hwang escreveu que esse momento histórico marcou o início do domínio da Samsung no mercado de semicondutores dos Estados Unidos. Além disso, foi também nessa época que a ideia de fabricar um smartphone com o sistema operacional Android, desenvolvido pelo Google, foi gradativamente sendo amadurecida.
Em 2009, quando a Samsung finalmente lançou seu smartphone com o design muito parecido ao do iPhone, Steve Jobs ficou furioso, e decidiu declarar guerra contra o Android, sistema operacional que ele simplesmente detestava. Essa iniciativa da Samsung foi considerada uma “grande ousadia”, mas uma análise mais profunda revela que, na verdade, o mindset de expansão, de inovação, e acima de tudo, de coragem que a Samsung apresentou está fundamentado na sua obsessão pela competição. Essa obsessão, profundamente enraizada na cultura da Samsung, pode inspirar de maneira definitiva os grandes líderes brasileiros.
A extraordinária disputa entre a Apple e a Samsung pode deixar, essencialmente, duas lições para o Brasil. A primeira é uma lição de coragem: a Samsung nunca teve medo de pensar grande, e também não teve medo de “declarar guerra” contra a Apple na disputa pelo mercado de smartphones. A segunda lição, na verdade, é uma “lição de casa”: o Brasil precisa valorizar mais a educação de suas crianças e a cultura de inovação de seus professores, empresários, empreendedores e gestores públicos, pois este é o único caminho real para o desenvolvimento econômico nas próximas décadas. A cultura de inovação da Apple continuará sendo profundamente admirada em todo o mundo, mas a da Samsung, provavelmente tão extraordinária quanto a da Apple, também merece especial admiração. Com efeito, pensar grande é ser grande, e talvez tenha chegado a hora do Brasil colocar em prática, com maior profundidade e eficiência, essa preciosa lição.