Economia

Vendas do comércio avançam 0,1% em maio, aponta IBGE

Setor registra quinta taxa positiva consecutiva, mas vem perdendo ritmo. Inflação afeta atividade

Comércio: Seis das oito atividades pesquisadas registraram taxas positivas em maio (Lucas Landau/File Photo/Reuters)

Comércio: Seis das oito atividades pesquisadas registraram taxas positivas em maio (Lucas Landau/File Photo/Reuters)

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Agência O Globo

Publicado em 13 de julho de 2022 às 09h26.

Última atualização em 13 de julho de 2022 às 17h24.

As vendas do comércio varejista brasileiro avançaram 0,1% na passagem de abril para maio, de acordo com dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do IBGE, divulgados nesta quarta-feira. É a quinta taxa positiva consecutiva, de acordo com o IBGE, embora o resultado configure estabilidade.

Cristiano Santos, gerente da pesquisa, pontua que tem sido observada uma retomada no comércio varejista, mas que vem de uma base baixa e sempre fazendo um acúmulo menos intenso ao longo desses meses: — Apesar de vir quatro resultados positivos, as taxas foram decrescentes — avalia Santos.

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Seis das oito atividades pesquisadas registraram taxas positivas em maio. Em termos de influência, o destaque foi a alta de 3,6% em artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, que coincide com os reajustes do setor farmacêutico nos meses de abril e maio. Na sequência aparece o a atividade de tecidos, vestuário e calçados com alta de 3,5% no mês, vinculado ao setor de calçados e tênis esportivos.

O segmento de livros, jornais, revistas e papelaria, por sua vez, subiu 5,5%. Já o segmento de móveis e eletrodomésticos recuou 3%, enquanto outros artigos de uso pessoal e doméstico caíram 2,2%.

— Móveis e eletrodomésticos é uma atividade que não superou seu patamar pré-pandemia, pois ao longo de 2021 teve perdas consideráveis. Durante a pandemia, esses itens tiveram um ganho importante devido às substituições que as pessoas fizeram pelo fato de estarem mais em casa. Após essa demanda extraordinária, esses produtos passaram a ter menos importância no orçamento das famílias, sobretudo eletrodomésticos — analisa Santos.

Efeito inflação

Apesar de boa parte das atividades registrarem crescimento, a pesquisa aponta que o setor como um todo tem lidado com a inflação. A receita do setor cresceu 0,4% em maio mas, quando descontada a inflação, o volume de vendas subiu 0,1%.

Em alguns setores o impacto inflacionário é ainda maior, como o caso do segmento de combustíveis e lubrificantes, cujos preços têm pesado no orçamento das famílias na hora de abastecer o carro. O mesmo ocorre com o setor de artigos farmacêuticos, devido aos reajustes de preços.

O setor de supermercados também não fica de fora. A receita cresceu 4,1%, enquanto o volume de vendas foi de 1%.

— A receita foi quatro vezes maior, sinalizando sobretudo a inflação dos alimentos — completa o gerente da PMC.

No comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, veículos e materiais de construção, as duas atividades também sofrem impacto da inflação. A atividade de veículos e motos, partes e peças recuou 0,2%, enquanto material de construção teve queda de 1,1%.

Perspectivas do comércio

A perspectiva dos analistas para o comércio não é animadora neste ano. Isso porque o setor lida com a escalada dos juros - cuja ciclo de alta da Selic agora deve chegar a 13,5%, segundo analistas - que encarece o crédito, além de uma inflação elevada que reduz o poder de compra das famílias.

Por outro lado, os estímulos fiscais concedidos pelo governo - como o adiantamento do 13º salário e do FGTS e aumento do Auxílio Brasil - podem oferecer alguma injeção de recursos no setor.

O Índice de Confiança do Comércio (ICOM) do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV IBRE) avançou 4,6 pontos em junho, ao passar de 93,3 para 97,9 pontos, maior nível desde agosto de 2021 (100,9 pontos).

" Para os próximos meses, ainda é necessária certa cautela, o grande desafio passa a ser a continuidade desse cenário favorável mesmo com o fim da liberação de recursos extraordinários, ambiente macroeconômico ainda desfavorável e confiança do consumidor em patamar baixo”, avalia Rodolpho Tobler, economista do FGV IBRE.

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