Trump já foi alvo de economistas de prestígio em outros momentos (Yuri Gripas/Reuters)
João Pedro Caleiro
Publicado em 28 de abril de 2018 às 08h00.
Última atualização em 28 de abril de 2018 às 08h00.
São Paulo - O que os anos 30 e os tempos atuais têm em comum? O risco do protecionismo.
O paralelo foi trazido à tona recentemente por um grupo de economistas que inclui vencedores do Nobel como Alvin Roth, Richard H. Thaler, Oliver D. Hart, James Heckman e Robert Shiller.
Reunidos pela National Taxpayers Union, eles retomaram uma carta enviada por 1.028 economistas em 1930 para o então presidente americano Herbert Roover.
A motivação era protestar contra o Ato Smoot-Hawley, que aumentou tarifas sobre 20 mil produtos e é responsabilizado por intensificar a Grande Depressão.
"Estamos convencidos que tarifas de proteção mais altas seriam um erro. Elas operariam, de forma geral, para aumentar os preços que os consumidores domésticos teriam que pagar. Um nível mais alto de proteção aumentaria o custo de vida e prejudicaria a grande maioria de nossos cidadãos", diz o texto.
A nova versão da carta simplesmente reproduz a anterior com algumas edições e um novo trecho que contextualiza a nova ameaça.
O alvo agora são as medidas de proteção comercial da administração de Donald Trump, como as novas tarifas de aço e alumínio e sobre produtos da China.
"O Congresso não acatou o conselho dos economistas em 1930 e americanos no país inteiro pagaram o preço. Os economistas signatários e os professores de Economia clamam fortemente para que você não repita o erro", diz o texto endereçado ao presidente.
Eles reforçam que muito mudou desde 1930, com aumento inclusive da importância do comércio para a economia, mas "os princípios econômicos explicados na época não mudaram".
Apesar do esforço, dificilmente a carta terá algum efeito. Não é a primeira vez que economistas criticam as ideias do republicano, o que aconteceu antes da eleição e mais recentemente no tema da imigração.