Economia

Um momento único para a economia global

EXAME Fórum reúne nesta segunda-feira os maiores nomes do capitalismo brasileiro, para debater os rumos da economia e dos negócios em 2018

Rodrigo Maia, Mendonça de Barros, João Doria e Geraldo Alckmin são alguns dos nomes que estarão em evento de EXAME (divulgação/Divulgação)

Rodrigo Maia, Mendonça de Barros, João Doria e Geraldo Alckmin são alguns dos nomes que estarão em evento de EXAME (divulgação/Divulgação)

LA

Lucas Amorim

Publicado em 4 de setembro de 2017 às 05h55.

Última atualização em 4 de setembro de 2017 às 05h55.

São Paulo - Os maiores nomes do capitalismo brasileiro se reúnem nesta segunda-feira em São Paulo para o EXAME Fórum, tendo como pano de fundo um cenário dos mais alvissareiros para os mercados mundo afora. A começar pelo Brasil. Na sexta-feira, o índice Ibovespa chegou a bater na sexta-feira os 72.000 pontos, a sua maior marca desde novembro de 2010. A alta acumulada desde junho do ano passado chega a 50%. Agosto foi o melhor mês do ano, com alta de 7,5%.

O mesmo movimento é visto mundo afora. Nos Estados Unidos, o Dow Jones bateu mais de 40 recordes desde a eleição de Donald Trump, em novembro, e está perto do histórico patamar de 22.000 pontos. Empresas de tecnologia são as grandes responsáveis pela alta. A Amazon subiu 27% em um ano; o Facebook, 36%; a Apple, 56%.

Toda essa euforia vem no mesmo momento em que sobram dúvidas sobre o Brexit, a saída britânica da União Europeia, sobre o que afinal será o governo de Donald Trump nos Estados Unidos, sobre se o mundo corre ou não corre o risco de uma guerra nuclear com a Coreia do Norte. Com tantas incertezas, o que explica o bom momento é uma combinação única na economia.

Boa parte das grandes economias consegue combinar inflação em baixa com crescimento econômico na casa dos 2%, numa combinação rara ao longo da história e que não estava no radar dos analistas para acontecer já em 2017. Os Estados Unidos, mesmo com Trump, mantêm o desemprego na casa dos 4% e o crescimento do PIB bateu 3%, conforme anúncio feito na última semana. Na Europa, economias que pareciam em crise eterna, como a espanhola, conseguem crescer até 3%.

Na Ásia, a Índia segue surpreendendo com taxas de crescimento superiores a 7%. A China, que parecia caminhar definitivamente para expansão econômicas mais modesta, consegue manter o crescimento na casa dos 6,9% e está reinventando sua economia em uma velocidade única, com investimentos maciços em energia limpa e em inteligência artificial.

Além disso, os juros nos Estados Unidos seguem num patamar baixo, entre 1% e 1,25%, o que contribui para um momento de grande liquidez, com investidores buscando ativamente retornos mais atraentes para seus recursos. "O mundo vive um momento mágico em termos econômicos", resume Eduardo Moreira, sócio do Banco Brasil Plural e colunista de EXAME.

A esse cenário se somam as notícias domésticas. Na quinta-feira o governo divulgou uma nova queda no desemprego, para 12,8%. Na sexta-feira, anunciou que o PIB do segundo trimestre cresceu 0,3% em relação ao mesmo período do ano passado, no primeiro resultado positivo após 12 trimestres de queda na comparação com o ano anterior. O avanço em relação ao trimestre anterior foi de 0,2%. Apesar do número modesto, a tendência de recuperação é clara, conforme aponta Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.

Vale se soma ao time dos que calculam uma expansão de 0,7% no ano e um avanço mais consistente em 2018, puxado principalmente pelo aumento do consumo das famílias, que tende a avançar muito lentamente ao final de recessões prolongadas. No primeiro trimestre o PIB havia avançado 1% frente ao último trimestre de 2016, mas com forte impacto da safra agrícola. Agora, o crescimento é mais consistente, apontam analistas.

A isso se soma o anúncio de um grande pacote de concessões e privatizações de pelo menos 57 ativos do governo, anunciados no fim de agosto. A notícia da privatização da Eletrobras, por exemplo, fez os papeis da companhia subirem mais de 30% em agosto e espalharam um bom humor coletivo pelo mercado.

Os riscos ficaram pelo caminho e é hora de estourar o champanhe, portanto? Nada disso. Como o EXAME Fórum desta segunda-feira vai mostrar, há muita coisa a ser feita, a começar por tirar do papel os projetos anunciados. Além disso, as empresas brasileiras precisam voltar a investir em inovação e produtividade para conseguirem competir num mundo cada vez mais dinâmico, com novos competidores surgindo de um dia para o outro.

E, claro, a enorme incerteza sobre as eleições de 2018 e sobre o avanço da Operação Lava-Jato pode fazer com que a política volte a jogar para baixo o humor dos mercados. Nenhuma crise dura para sempre, mas os bons momentos sempre podem terminar impactados por notícias vindas de Brasília ou de Curitiba. Ainda mais no Brasil de hoje.

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