A partir desta sexta-feira varejistas têxteis, de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, concessionárias, bancos e até redes de franquia montam uma operação de guerra para ficar com o dinheiro das contas inativas do Fundo de Garantia do tempo de Serviços (FGTS). Quase 5 milhões de brasileiros – os contribuintes nascidos nos meses de janeiro e fevereiro – poderão, a partir de hoje, sacar quase 7 bilhões de reais do FGTS. No total, 30 milhões brasileiros poderão sacar valores que, o governo espera, vão injetar 34 bilhões de reais na economia.

Apesar dessa corrida entre lojistas e bancos, economistas afirmam que boa parte desse recurso será utilizado mesmo para quitar dívidas. O percentual de famílias endividadas em fevereiro chegou a 56,2%, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo.

A maior parte dos trabalhadores que podem sacar, cerca de 56% do total, tem saldo menor que 500 reais, segundo o governo. Outros 24% têm saldo entre 500 e 1.500 reais. São valores pequenos, por exemplo, para comprar um carro ou investir em uma loja de franquia, como querem empresários. “Como grande parte desse dinheiro vai servir para pagar dívidas, isso não deve trazer muito impacto sobre a atividade econômica, mas ajuda na retomada da economia. Ela virá mais rápido porque as famílias vão terminar o processo de desavalancagem antes e poderão voltar a comprar”, diz Rafael Gonçalves Cardoso,economista-chefe do Banco Daycoval.  

Segundo o governo ao mesmo tempo em que ajuda os brasileiros, o saque não deve trazer grandes impactos para o FGTS. O fundo estima que, com os saques, o resultado final deverá ser um lucro entre 7,5 e 8 bilhões de reais. No ano passado, o lucro do fundo foi de 15 bilhões de reais. A queda nos lucros para este ano também são atribuídas à queda da taxa Selic esperada para 2017.

Para não comprometer novos investimentos em imóveis o governo estuda medidas como a Letra Imobiliária Garantina (LIG), que está em audiência pública e deve entrar em vigor até o fim do semestre. Para o combalido bolso do brasileiro, toda nova ajuda é bem-vinda.