Economia

UE dá esperança de relaxamento em programa da Grécia

Apesar de ninguém falar abertamente em Bruxelas sobre dar mais tempo à Grécia, o Eurogrupo não descartou a possibilidade

A formação de governo na Grécia é uma condição sine qua non para o país receber o seguinte lance de ajuda internacional, de 31,2 bilhões de euros que o país necessita (Louisa Gouliamaki/AFP)

A formação de governo na Grécia é uma condição sine qua non para o país receber o seguinte lance de ajuda internacional, de 31,2 bilhões de euros que o país necessita (Louisa Gouliamaki/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de junho de 2012 às 15h29.

Bruxelas - A União Europeia (UE) abriu nesta segunda-feira a porta para um relaxamento do calendário previsto para o resgate da Grécia, mas insistiu que o primordial é formar um novo governo e avaliar o estado de aplicação das reformas com as quais Atenas se comprometeu em troca da ajuda de 240 bilhões de euros.

Após as eleições gregas de domingo, vencida pelos conservadores do Nova Democracia (ND), favoráveis ao plano de assistência internacional para o país, os sócios europeus se propõem a dar até dois anos adicionais à Grécia, revelou à Agência Efe uma fonte comunitária.

"Estou quase certo que lhe darão dois anos adicionais", comentou a fonte, acrescentando que um ano já é certo e que agora estão estudando conceder um segundo.

Embora a decisão definitiva possa ser adotada já nesta quinta-feira na reunião do Eurogrupo em Luxemburgo, a linha oficial das instituições europeias é ainda muito menos ousada.

Os presidentes da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, se limitaram a dizer até agora que confiam que os resultados eleitorais permitam formar um governo rapidamente.

Já os ministros de Finanças da eurozona solicitaram que o novo Executivo heleno "assuma como próprio o programa de ajuste ao qual a Grécia e a zona do euro se comprometeram" e anteciparam que a troika (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional) voltará a Atenas assim que esteja formado o novo gabinete.

Apesar de ninguém falar abertamente em Bruxelas sobre dar mais tempo à Grécia, o Eurogrupo não descartou a possibilidade após conhecer os primeiros resultados eleitorais, e, além disso, mencionou em comunicado que a troika "discutirá pontos de vista com o novo governo sobre o caminho que fica pela frente e a primeira revisão do segundo programa de ajuste".


"A primeira coisa que temos que fazer é ver onde estamos em matéria de aplicação do programa de assistência", explicaram hoje fontes comunitárias, que advertiram que o bloqueio político dos últimos dois meses na Grécia, junto com a deterioração da situação econômica em toda a zona do euro, "teve um impacto" que terá que ser levado em conta na avaliação.

"Não há alternativas a este programa, os objetivos principais devem ser respeitados", ressaltaram as mesmas fontes.

Lembraram, no entanto, que países como a Irlanda também modificaram seus programas de ajuda, após negociá-lo devidamente com a troika e compensaram as mudanças de outra maneira.

O presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, preferiu, no entanto, não antecipar eventos e esperar para ver quais são os pedidos do novo governo heleno, segundo comentou à Efe seu porta-voz.

O líder do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz, por sua parte, manteve hoje a mesma posição oficial de seus colegas comunitários ao reivindicar que a Grécia forme um novo governo rapidamente e continue com as reformas com as quais se comprometeu, apesar de ter desejado que estes ajustes sejam distribuídos de forma equitativa para garantir uma "maior justiça social".

Por outro lado, a chanceler alemã, Angela Merkel, descartou uma possível flexibilização do programa, mas abriu a possibilidade de novas ajudas à Grécia para fomentar o crescimento.

Precisamente foi Alemanha o país que começou a falar de um possível relaxamento do calendário do resgate.

O ministro de Exteriores alemão, Guido Westerwelle, antecipou ontem que "se poderia falar de mudanças no cronograma, mas não há caminho diferente ao das reformas", uma ideia que foi reforçada por seu colega belga, Didier Reynders.

A formação de governo na Grécia é uma condição sine qua non para o país receber o seguinte lance de ajuda internacional, de 31,2 bilhões de euros que o país necessita para fazer frente ao pagamento de pensões e salários, assim como para cumprir suas obrigações de devolução de dívida nos próximos meses.

Antes que aconteça esse desembolso, a troika deve realizar sua avaliação trimestral para determinar o estado das reformas no país.

Em curto prazo, inclusive neste mesmo mês, poderia ser autorizada a entrega de 1 bilhão de euros que ficaram pendentes do último lance de ajuda, que só depende da autorização do Conselho de Administração do Fundo Europeu de Resgate. 

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